sing me to sleep - terceiro capítulo

7.08.2015 | | |
I'd like if he made my wish come true


Cassie.

Eu senti uma brisa fazer cócegas no meu rosto. Sorri. Imaginei-me num daqueles campos com grama verdinha e bem-cortada, um sol não tão quente, apenas o suficiente para deixar aquele calorzinho bom na pele e aquela brisa, balançando as folhas das árvores, criando uma melodia tranquilizante.
- Acorda, urso polar. Não é inverno ainda. - ouvi uma risada e abri meus olhos, dando de cara com minha mãe arrumada para ir ao trabalho. - Bom dia. A casa já está arrumada.Tem suco de geladeira, e o seu café está na sacolinha na mesa. - numerou nos dedos - Tenho que ir trabalhar. Tem uma novata e eu tenho que ajudar Edwin a treiná-la. Deseje-me sorte. - falou rápido, sorriu e saiu do quarto. Fiz uma careta, ainda meio grogue pelo sono.
- Boa sorte... - murmurei. Eu hein.

 Depois de tomar banho, vesti meu uniforme, com um moletom da princesa Jujuba e meias pretas 7/8, que dizem afinar as pernas e além do mais, não mostrava praticamente nada das minhas pernas, o que era ótimo. Deixei meu cabelo solto e coloquei a mochila no ombro. Meu corpo não estava doendo, e agradeci por isso enquanto descia as escadas correndo. Estou com preguiça de fazer exercícios hoje. Só quando chego na cozinha e vejo a sacolinha do Starbucks é que percebo.

Eu tinha conseguido! Consegui meu NF de quarenta e oito horas! Sorri, pegando meu celular da mochila e checando as calorias do mocha que estava na mesa. 66 calorias. Faço careta. Pego a sacola, a chave de casa e encontro Zoe brincando na calçada.
- Hey, Zoe, gosta de mocha? - ela sorriu. "Quem não gosta?" - Quer para você? Minha mãe comprou esse para mim, mas eu só bebo leite desnatado. - sorri e ela rolou os olhos com um sorrisinho. Agradeceu e começou a beber. - Ei, dá um pouco para Madeline também. - brinquei e ela assentiu, oferecendo para a boneca. Eu sorri com a cena adorável e me despedi voltando ao caminho da escola.

- Cassie? - olhei em volta e um garoto andava na minha direção. Arqueei as sobrancelhas. Não lembrava de ele conhecido dos meus amigos. - Finalmente te encontrei! Lembra-se de mim? - sorri envergonhada e ele riu. - Meu nome é Austin. Nos conhecemos quando éramos tipo, anõezinhos. - ele me abraçou e eu permaneci ali, parada, tentando entender de onde aquele ser tinha surgido e como ele tinha me achado.
- Você tem algo importante agora? Eu queria te levar no parque, hoje. - ele mostrou sua fileira branca de dentes, daqueles que pareciam de comercial de enxaguante bucal. Era um sorriso fofo, que ele tinha.
- Hm, eu ia para a escola... - fez uma careta.
- Para escola? Hoje é sábado.
- É? - me dei um tapa na testa - Caramba, é mesmo! Ai que burra. - ele riu da minha breve revolta comigo mesma e me convenceu a ir com ele no parque.

No caminho, ele foi me contando de histórias que tinham realmente acontecido comigo, então aos poucos fui me recordando dele. Foi como se uma lâmpada tivesse acendido na minha cabeça. Austin era um amigo de quando eu tinha uns seis anos de idade. No parque, tomamos sorvete e brincamos até de pega-pega com umas crianças brincando, apesar de o dia estar bem nublado. Eram umas três e alguma coisa da tarde. Resolvemos ir embora e quando estávamos atravessando a avenida, esbarramos em uma mulher cheia de sacolas. Ela estava toda atrapalhada, pedindo desculpas ofegante e eu e Austin ajudamos a pegar as sacolas, que eram no estilo daquelas de lojas de shopping.

- Obrigada. - a mulher sorriu e eu finalmente consegui ver seu rosto quando ela tirou o cabelo que tinha ido para frente. Sorri para ela. - Oh, oi Cassie. - ela sorriu de um jeito doce e suas bochechas estavam levemente vermelhinhas. Ela era tão fofinha.
- Oi, tia..- pigarreei - Anne. - corrigi apresentei Austin a ela, que o cumprimentou sorrindo - Wow, são muitas sacolas. Quer ajuda para levar? - depois de alguma resistência, convenci ela a aceitar nossa ajuda, já que ela não conseguiria de jeito nenhum levar aquilo tudo até em casa.

Adentramos a casa e ela nos guiou até a cozinha, colocamos todas as coisas emcima da mesa e eu arrumei as sacolas em uma fileira. Anne suspirou, cansada assim como nós e acabou rindo, me fazendo rir também.
- Estou velha demais para isso. - ofegou, ajeitando a coluna.
- Que isso, Anne. Não é questão de idade, eu estou quase morrendo aqui. - ri fraco, tentando recuperar o fôlego.
- Porque vocês são meninas. É óbvio que não aguentam muito peso, não foram feitas para isso. Eu aguento. - Austin se gabou e demos língua para ele, que riu.
Anne perguntou se queríamos algo para beber e Austin pediu suco, enquanto eu preferi água. Ela disse que podíamos ficar à vontade, então eu - quase caindo no chão de cansaço - fui até a sala e ia sentar no sofá quando arregalei os olhos.

Harry estava ali. Deitado no outro sofá de frente para mim, dormindo. Por um momento, ele pareceu um anjinho no sofá, de pijama, com o cabelo desgrenhado e abraçado a um... aquilo era um ursinho de pelúcia?! Hm, sim. Era um ursinho de pelúcia. Arqueei as sobrancelhas. Já imaginei Harry Styles até como um sociopata, mas nunca imaginei que fosse vê-lo assim no ano de 2015.


- Lembra quando você vinha aqui para cozinhar, querida? - Anne veio da cozinha, dando uma risadinha. - Que você vinha aqui fazer doces? - tombo a cabeça para o lado, fazendo uma cara confusa. Isso já aconteceu, produção? Não faço a mínima ideia. Tento procurar nos arquivos da minha memória mas é inútil, não consigo lembrar de nenhuma vez que tenha vindo aqui. Eu e minha péssima memória. Anne riu e atravessou a sala, pegou um livro grande e marrom da estante e ficou do meu lado. Abriu o livro para me mostrar e percebi ser um álbum de fotos. Passaram algumas fotos do Harry, ele parecia tão adorável nas fotos quando pequeno que nem parecia essa coisa que é hoje. Eram momentos adoráveis, ele rindo com a mãe dele e quase sempre comendo alguma coisa. Eu ri fraco, quando ela virou a página e eu paralisei por alguns segundos. Na página seguinte, tinham diversas fotos, que foram tiradas todas na cozinha. Em todas as fotos estavam Anne, Harry e... Eu mal conseguia acreditar, mas eu estava ali, junto com eles na cozinha, com um avental rosa pastel, rindo e fazendo uma guerra de farinha.

E então eu meio que sabia o que tinha acontecido.
- Eu lembro disso. - sussurrei - Ele ia jogar farinha em mim, mas eu abaixei e...
- E quem tomou na cara foi o pai dele e o Louis, que estavam atrás de você.
Eu rio, tendo uma sensação de lembrar-me daquilo. Por mais estranho que fosse para mim ter um dia brincado com o cara que não me deixa em paz um segundo hoje.
- O que está havendo? - uma voz rouca e baixa me faz olhar para frente e encarar Harry, que talvez por nossas risadas, tinha acordado e estava andando até a gente.

Sua cara nem esconde que ele está surpreso por me ver aqui. Até eu estou surpresa por me ver aqui. E acho que meu rosto ficou até mais branco, já esperando que ele começasse a reclamar com sua mãe e perguntar o por quê de eu estar aqui. Fiquei acompanhando ele com o olhar, esperando sua reação.
ignorem o fato de ele estar no chão ~

- Estamos vendo umas fotos. - nós três, Austin, Anne e eu nos  sentamos no sofá de frente ao que Harry estava deitado. Ele não pareceu se importar em ir de pijama até o sofá no qual estávamos e sentar bem ao meu lado. Prendi minha respiração, vendo que ele provavelmente queria ver as fotos também. Por que justo do meu lado, Styles? Não é muito legal a sensação de ter o corpo do seu "inimigo", digamos, encostando no seu, sinceramente.
Vi quando ele sorriu de lado quando Anne chegou numa foto em que estávamos na beira de uma piscina. Me recordo desse dia, quase como se pudesse ouvir nossas vozes na minha cabeça. Eu disse que era um unicórnio e ele respondeu ''Não, você não é.'' Lembro de ter ficado meio chateada com sua resposta, abaixei a cabeça constrangida por ele ter falado aquilo. Harry sorriu e pegou seu sorvete de casquinha e só percebi o que ele pretendia fazer quando seu sorvete já estava na minha testa, literalmente. A casquinha estava grudada pelo sorvete, fazendo-a ficar como um chifre de unicórnio no meio da minha testa. Quase pude ouvir sua risada, e ele disse "Agora sim. Nós rimos e eu fingi que ia empurrá-lo na água.

Eu soltei uma risadinha fraca e voltei para Terra, vendo que eles riam e falavam entre si sobre a foto. A primeira voz que consegui discernir foi a do garoto ao meu lado:

- Ah, mãe. Não foi crueldade. Ela queria ser um unicórnio, eu só realizei seu desejo. - o garoto ria e sua mãe balançou a cabeça negativamente, revirando os olhos. Eu tive que rir com seu comentário. Era uma sensação estranha, mas boa. Era como se o que Harry tivesse feito comigo todos esses anos não tivesse acontecido realmente, e só tivéssemos sido separados e então nos encontrássemos hoje, tipo como se fôssemos melhores amigos de infância ou algo assim. Eu queria poder fazer ser sempre assim. Digo, não ser a melhor amiga de Harry, mas fazer com que ele simplesmente não me odiasse. Pelo menos, não tanto. Queria que ele realizasse esse desejo.

Tia Anne disse que ia preparar um chá e, mesmo desconfortável, fiquei no sofá com Harry, continuando a olhar as fotos. Em um momento, enquanto eu observa a ele rindo de uma das fotos mais engraçadas do mundo, ele virou a cabeça na minha direção me surpreendendo, mas não tinha como disfarçar que eu estava fitando ele. Nos encaramos pelo que pareceu minutos, não dizíamos nada, eu apenas tentava reconhecer o que ele queria dizer com o modo que me olhava. Se é que aquele olhar significava alguma coisa.

- Eu queria poder ser criança de novo. - ele sussurrou, quase como se falasse para si mesmo, mas era intencional eu ter ouvido, porque ele não desviou o olhar. Franzi as sobrancelhas, surpresa.
- É? Por que? - não resisti a perguntar. Por que diabos ele iria querer voltar a ser criança se ele amava a vida que tinha agora?
- Porque às vezes, quando estou no meu quarto sozinho, lembro de coisas que eu tinha quando era criança. E que agora não tenho mais. - passei a língua entre os lábios, assentindo. Desviei o olhar para as fotos, mas olhava-o por canto de olho enquanto respondi:
- É. É bem comum nos apegarmos a algumas coisas e querermos ela de volta, quando já não nos pertencem. - apontei para o urso no outro sofá e vi o que parecia, talvez, ser um rubor em suas bochechas alvas. - Tipo seu ursinho. - sorri de lado, mas ele continuou sério.
- Não me refiro ao ursinho.

Abri minha boca algumas vezes, desviando o olhar e tentando formular uma resposta.
- Cassie.
Continuei olhando para baixo, eu nem conseguia olhar para ele.
- Cassie.
Senti minhas bochechas esquentarem.
- Cassie!
Tudo ao redor foi se desvanecendo, e quando olhei para o lado, o Harry não estava mais ali. Tudo ao redor estava branco, não tinha nenhuma cor além do branco ali.

Eu estava no meu quarto. Olhei em volta assustada, procurando por alguém. Cadê... Cadê o Austin? Como eu vim parar no meu quarto?! 

- Até que enfim acordou. Já 'tô atrasada e ainda tenho que acordar um urso polar gigante que hibernou no quarto!



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