Notícias?

12.12.2017 | | | Nenhum comentário :

Hi, my babies! Tudo bem? Mais uma vez eu estou aqui para fazer um anúncio!
Sei que devem estar se perguntando coisas do tipo "o Fireproof vai voltar?" "O que você tá fazendo aí, doida?" mas eu vim aqui para dizer a vocês que eu tô seguindo com o meu blog, eu decidi reabri-lo, pois eu estava com uma imensa saudade de escrever. E a fanfic que eu estou postando lá, está sendo toda reescrita para melhorar o entendimento de vocês, porque até eu estava confusa com ela kk.
Bom, se vocês quiserem ir lá dar uma olhadinha no que eu estou fazendo, ficarei imensamente grata com isso! 
Eu realmente agradeço por todos os momentos e leitores que eu adquiri aqui no blog, e também agradeço imensamente pela a amizade que eu desenvolvi com a Gih (honey), queria que ela voltasse a escrever também, porque aquela garota é muito boa!
Eu não vou voltar a escrever aqui, porque eu não sei como fazer esse blog voltar a vida, mas eu estou tentando fazer o meu dar certo.
Aqui está o link, espero que passem lá e se divirtam! 
EU AMO VOCÊS, até um futuro próximo! ♥ 

Oi gente.

3.24.2017 | | | Um comentário :
Oi pessoas, depois de muito tempo eu voltei aqui. E estou muito chateada porque este blog parou, porque eu fui uma das que contribuiu para que isso acontecesse.
Eu não sei qual vai ser o destino deste blog, pois eu perdi o contato com a Honey (dona do blog) faz um bom tempo, e estou postando isso sem saber se tem o consentimento dela ou não! Eu só quero dizer que eu fui muito feliz aqui, e que todas vezes que eu mudei de fanfic e vocês não reclamaram e queria agradecer pelo apoio que vocês me deram durante esse tempo todo que eu estive no blog. 

Não sei dizer se isto é um adeus definitivo, ou se é um breve até logo, porque como sabem eu necessito da aprovação da Honey para postar aqui!
Eu amo vocês, e obrigada por lerem todas as minhas fanfics postadas aqui e jamais terminadas! 
Até a próxima minhas muffins! 
Eu amo vocês ♥

sing me to sleep - quinto capítulo

7.31.2015 | | | 4 comentários :
Drag me down 


Quem irá contar a história da sua vida?
No fim, quem irá lembrar do seu último adeus?
Porque este é o fim, e eu não tenho medo de morrer. 

Eu encarei os olhos de Harry por mais dois segundos até abaixar o olhar por sentir algo quente nas bochechas. Olhei para a médica por baixo dos cílios.
- Cassie, não é? - me olhou, uma voz masculina confirmou, mas não me importei de checar quem era e continuei com a cabeça deitada sobre os braços. - A senhorita sofre de diabetes?
Demorei alguns segundos para assimilar que a pergunta era para mim, levantei a cabeça lançando um olhar entediado para os dois lá na frente, sentia os olhares emcima de mim. Me limitei a abaixar a cabeça novamente e fingir que não tinha ouvido.
- Hum. Bom, para saber se você tem, você tem que fazer exames e é esse o próximo tópico. - e sorriu, recomeçando a palestra. Tentei fazer o mínimo de barulho possível enquanto arrastava a mesa desocupada ao lado da minha para mais perto e apoiava minhas pernas nela. Fingi dormir pelo resto da aula de Sociologia.

Era a hora do recreio. Esperei todos os alunos saírem da sala e guardei meu material. Sai da sala com passos lentos para não pisar em falso e cair pelos corredores. Esse colégio é exageradamente grande e tem corredores demais. Eu estava me sentindo lenta e mal podia olhar para o lado rápido demais porque minha cabeça doía e eu ficava mais tonta. Demorei um pouco a assimilar a sombra na minha frente com Harry, que quase não tinha implicado comigo na aula de Sociologia. Quase.

- Ora, ora, ora... O que temos por aqui? Daqui a pouco você vai desaparecer, Miller, de tão branca. Olha, credo! Consigo ver suas veias azuis daqui! - sua voz ondulava, cerrei os olhos, mesmo que isso não fosse ajudar a ouvi-lo melhor - Sério, garota, por que você continua vindo para escola? Perda de tempo. Deve soltar fogos de artifício se conseguir um emprego de atendente do Mc Donalds. - riu roucamente - Deve ser muito ruim ser você mesmo. Olha, até te admiro, porque eu não aguentaria, não! Se tivesse que conviver com isso como sendo meu corpo, minha vida e minha personalidade, já teria me matado. - abaixei a cabeça, colocando minha mão sobre ela. O chão ficou cercado por uma coisa escura, tipo um círculo. Eu só enxergava o que tinha no meio, que no momento eram meus Converse e os Supra de Harry.
- Por favor, Harry, não me bate. Por favor, só... só hoje. - minha voz saía falha, em um fio. Levantei o olhar para encará-lo, que travava o maxilar e tinha as sobrancelhas levantadas - Depois, você tem todos os outros dias do ano para me bater, por favor.

Percebi que ele estava de braços cruzados, me encarou rapidamente de cima a baixo e cerrou os olhos.
- Só porque sou uma pessoa muito legal, vou te dar esse crédito, Miller. Você tem o resto do dia de folga, na escola. Afinal, você tem razão. - sorriu e se aproximou, ficando com os lábios perto da minha cabeça - Eu vou poder te infernizar durante todos os dias do restante do ano. - sorriu mais uma vez e suspirou, arrumando o cabelo para o lado - Aproveite o dia de folga.

Me empurrou pelo ombro, me desequilibrei, mas não caí, ele riu balançando a cabeça para os lados ''patética...'' e foi embora. Suspirei. Okay, preciso me sentar. Olhei em volta e percebi que o único lugar próximo que tinha como me sentar era a cantina. Resmunguei manhosamente, vendo que Havennah, Nevaeh, Amelia, Amber e Harry entravam naquele momento. Bufei, segurei meu livro mais firme em uma das mãos e me dirigi lentamente até lá. Obviamente, minha presença não foi notada por causa da comida ali presente e agradeci mentalmente por isso. Tudo que eu menos preciso é que me notem. Encontrei uma mesa completamente vazia e me sentei, abri meu livro enquanto a maioria estava fazendo a fila quase rodar o local inteiro e comecei a ler. Ou a fingir ler, pelo menos.
Mexi-me desconfortável na carteira e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha. Odeio a sensação de estar sendo observada, em partes porque realmente incomoda não saber o que diabos a pessoa está pensando e em partes porque eu realmente odeio ser percebida.
Vez ou outra as pessoas das outras mesas tocavam nos assuntos mais comuns da semana: uma nova boate que vai ser inaugurada e as fofocas dos blogueiros do colégio. Me ajeitei na cadeira novamente e passei o olhar pelas mesas da cantina. Odeio estar aqui. Apoiei meu braço na mesa e pus meu queixo sobre minha palma da mão. Tem garotas pintando as unhas umas das outras, alguns garotos estão apostando quem come uma pilha de sanduíches mais rápido na mesa dos ''populares'', na mesa de alguns dos mais inteligentes, estão mexendo em seus celulares, sem se dar conta da confusão ao seu redor. Na verdade, eles parecem viver numa bolha o tempo inteiro, e podem ser bem arrogantes por serem os melhores das classes. Revirei os olhos com o pensamento de superioridade que eles tem e mirei o olhar nas outras mesas. Amelia e Nevaeh estavam rindo na mesa delas, dos populares, enquanto Amber e Louis apostavam quem comia mais fatias de pizza. Eu dei um sorriso de lado. Louis nunca perde a oportunidade de comer.

Era engraçado, imaginei eles em um filme, com uma música no fundo. Mas qual música? Young Forever, talvez? Ou quem sabe I like it like that? É, acho que sim. Senti meus lábios levantarem minimamente. Parecia que eu estava até ouvindo a música e suas risadas altas e alguns gritos. Era como se... Combinasse, estivesse tudo harmonioso ali. Como se eu fosse a narradora de um filme, de fora da cena, e os estivesse observando. Era mágico, parecia uma daquelas cenas de filme de comédia romântica, aquela cena do baile, aquele momento feliz em que tudo se encaixa. Sabe, é aquela hora em que tudo está bem, os mocinhos ficam juntos, os amigos deles acabam dançando uma música lenta e depois todos riem e fazem palhaçadas na pista de dança. O fantasma de sorriso se desmanchou do meu rosto quando meu sub-consciente alfinetador deu as caras. Uma coisa da qual você nunca vai fazer parte. Desejei poder dar um nocaute nele. Mas era verdade. Era uma situação da qual eu nunca iria participar. Era uma realidade a qual eu nunca iria pertencer.

Nunca.
Mordi o lábio inferior. Eles parecem tão.... felizes. Por um lado isso me irrita, suas risadas são escandalosas demais, como se quisessem - e provavelmente querem - esfregar sua maldita felicidade na minha cara. Como se dissessem ''hey, te odiamos, mas isso não faz sermos menos felizes. Pelo contrário, estamos rindo à toa, estamos bem''. Mas por outro, isso é encantador. Quero dizer, sou especialista em risadas forçadas, e essas, caro sub-consciente, não são risadas forçadas. Suspirei. Acho que a pior parte nisso é que eles estavam bem. Bem felizes, bem com as pessoas, bem lindos... Argh. Por que eu não podia ser assim? Você era assim. Mas comeu tanto que começaram a te chamar de Orca. Argh. Cala essa boca! Você sabe que é verdade. Que ótimo, dei para discutir comigo mesma.
Olhando para eles, desejei ser como eles. Estar ali, rindo e comendo um monte de queijo, com tomates e rodelas de calabresa, muito orégano e a massa quentinha, fininha e cheirosa e refrigerante. Argh. Maldito dia da pizza!

Argh, argh, argh. É a expressão que me define. Eu gostaria de poder estar ali, com eles. Por que não posso? Por que eles não aceitam que eu sou gordinha e me chamam para discutir qual é o melhor sabor de pizza? Por que eu tinha que ser tão desinteressante para ninguém vir realmente falar comigo sem ser de deboche?
Me sinto tão deslocada. Um ser de outro universo. Um solitário e estranho daqueles que ninguém chega perto com medo de ser radioativo. Ah, fala sério. Eu sou invisível. E isso é estranho, porque eu os odeio! Odeio, odeio, odeio! São tão fúteis e só se importam com eles mesmos. Só se divertem com o sofrimento dos outros! Como isso pode ser divertido? Eu me sinto sozinha, sim. Admito, umas poucas vezes, essa sendo uma delas, eu queria que eles me notassem. Mas não. Eu não posso querer isso, porque eu nunca vou ter. Se eles nunca vieram, nunca virão e também não quero que venham. É melhor estar mesmo esquecida, se ninguém souber da minha existência, não colarão meus defeitos em um outdoor. É, algumas coisas simplesmente são do jeito que tinham que ser. E se não mudou até agora, é porque o Universo não quer que mude. Olhei para a página do livro em que tinha parado.

Pulp. É estranho ler uma obra que foi, digamos, a ''carta de morte'' do autor, tá, não foi bem a carta de morte, mas foi tipo, sua última obra, seu último suspiro. É meio mágico, também. Eu gosto do jeito que ele faz um tipo de analogia à sua vida através dos personagens, de uma forma implícita. É como se ele contasse aos leitores tudo o que sente e passa sem necessariamente dizer isso de forma totalmente explícita, mas os leitores percebem, é notável. Acho que isso é uma das coisas que gosto em Bukowski. Ele cria personagens e situações que podem expressar seus pensamentos sobre o que ele já passou.

- Olá. - meu livro voou das minhas mãos e caiu na mesa. Levantei o olhar e percebi um ser assassino de pé do outro lado da mesa.
- Olá. - respondi demoradamente, com os olhos cerrados para ele, peguei meu livro, torcia para que não estivesse com nenhum amassadinho, se não ele iria ver só.
- Estás sozinha aqui? - franzi os lábios e olhei ao redor sarcasticamente, voltei meu olhar a ele em seguida, que riu baixo. - Que pergunta idiota essa, não é?! Desculpe-me. - sorri torto.
- Sim, é uma pergunta idiota. Mas tudo bem, o mundo é movido a perguntas idiotas. - repliquei como se estivesse citando algum autor, coloquei meu livro agora fechado sobre a mesa e o encarei. Seus cabelos eram bem escuros. Seus lábios se encurvaram rapidamente em um sorriso.
- Aquela médica, hm...srta. Chase, irá começar a fazer a pesagem, medição e exames na enfermaria daqui a alguns minutos. Ela me pediu para avisar que se a senhorita quiser fazer o teste para diabetes, pode ir lá quando o recreio acabar. Hm, bom, e quando eu digo ''se quiser'' é um eufemismo porque não há opções, na verdade. - assumiu e eu ri fraco com sua expressão - Se não estou enganado, todos do colégio irão fazer isso. - deu de ombros - Estou indo para a fila, não vem?
- Ahh, não eu... - apontei para o livro, torcendo para que ele entendesse que eu pretendia passar meu intervalo fazendo algo de útil.
- Sem problemas, senhorita. O intervalo acabou de começar, irá ter muito tempo para continuar sua leitura. - sem autorização nenhuma me puxou com um sorriso de lado pelo braço e eu ''disfarçadamente'' soltei meu braço do dele. É óbvio que percebeu, mas decidi fingir que não tinha, assim como ele fingiu não ter notado meu ato.

Não iria ser grossa, ele fez apenas um favor para a srta. Chase. Arregalei os olhos lembrando-me. Ela iria pesar todo mundo. Oh, não... Não, eu não vou fazer isso, não vou me humilhar dessa forma. Mal percebi e já estávamos no balcão de comidas. Não tinha nada que não fosse uma bomba calórica. Ugh. Maldito dia da pizza.

Peguei qualquer coisa sob o olhar do garoto, o qual nem mesmo conhecia. Algumas batatas fritas, um hambúrguer e um suco. Teria que apelar. Voltei para minha mesa e arqueei a sobrancelha ao me sentar e ver que ele também tinha sentado.
- Esqueceu alguma coisa? - tombei a cabeça para o lado, confusa. Ele já tinha dado o recado, não?
- Hm, não. Posso me sentar aqui?
- Já sentou. - dei de ombros e percebi que talvez tenha soado rude. Não que fizesse alguma diferença. Levantei o olhar para checar sua reação - Mas okay, à vontade.
Sai daqui, sai daqui, sai daqui. Me deixa sozinha, caramba! - Mas, assim, só caso você não saiba, tem lugares disponíveis em outras mesas.
- Sei disso. Por que eu iria para outras mesas?
- Porque lá tem mais gente. E com gente quero dizer várias garotas com decotes incríveis pelos quais você pode babar e se imaginar afogando a cabeça dentro. - ele gargalhou e franzi a testa para ele. Senti que atraímos alguns olhares das mesas próximas e me afundei um pouco na cadeira, revirei os olhos. Não notei a graça que ele viu no que eu falei, que a propósito devia ser muita, já que ele até mesmo encurvara a cabeça para trás.
- Eu gosto de garotos. - replicou e por seu tom estava sorrindo.
- Aposto que tem muitos deles para você olhar, também. - mexi o garfo no objeto não identificado e gosmento que sou obrigada a denominar de ''molho surpresa''. Com certeza, deve ter uma grande surpresa. De repente, franzi a testa e levantei o olhar. Ele disse...
Ele me fitava com um ar divertido.
- Gosto dos dois. Mas há muito tempo tenho gostado apenas de garotos. - explicou.
- Melhor para você, pode admirar ambos. - sorri e ele retribuiu com um riso.
- Seu humor irônico é admirável.

De repente, me senti desconfortável de novo e olhei furtivamente para os lados, ele percebeu minha ação e deve ter estranhado, porque acompanhou meu olhar.
- O que foi?
- Nada. - coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha. - É sério, já pode ir.
- Não era brincadeira, eu estou bem aqui. - fechei a cara. Estava bom demais para ser verdade.
- Tuudo bem, fique aí. Eu saio então. - peguei meu livro e num piscar de olhos já estava de pé, me afastando o mais rápido o possível do garoto. Senti o olhar curioso de Amber sobre mim, óbvio. A ruiva é a criatura mais curiosa que eu já conheci. Passei reto por eles finalmente o ar voltou aos meus pulmões sem eu notar que havia saído. Que diabos aconteceu lá dentro? Bom, pelo menos agora estou novamente sozinha.

       ***

- Hey, Miller! - fui recebida na sala por olhares dos meus ''colegas de classe'' quando o sorriso amigável de Louis Tomlinson foi direcionado a mim. Gemi baixinho e me praguejei por ter atrasado, a fila estava grande e Louis era o último nela, logo, eu teria que ficar bem atrás dele. Murmurei um 'oi' o mais baixo impossível enquanto os olhares indiscretos fingiam se dispersar.
- Fico me perguntando se elas são realmente curiosas ou se a vidinha delas é chata demais, mesmo. - murmuro para ele que sorri de lado.
- Aposto nos dois.
- Por que a nutricionista quer fazer isso? Tipo, nos pesar e tal?
Ele explicou que se tivéssemos hipertensão ou diabetes iriam descobrir aqui e poderíamos iniciar o tratamento. Okay, então...
- Temos aula de Literatura hoje, não é?
- Sim. E Teatro. - ele sorriu lindamente.
- Sabe quem faz essa aula com você?
- Quem? - olhei para ele confusa.
- Eu. - se gabou e eu ri, dando um soquinho em seu braço.

Minha barriga roncou baixo, mas eu sabia que valia à pena. Porque uma das minhas melhores amigas vai me fazer sentir bem. Porque estou me sentindo limpa. Tudo tem seu preço, e ficar sem comer coisas engordativas vale a cara das pessoas que me sempre me julgaram quando me virem linda e sem gorduras. Os exercícios valem à pena, me doem, me cansam, me fazem ter ataques de asma às vezes, mas valem à pena. As coisas boas sempre são mais difíceis de se conquistar. Mas nada tira a felicidade gloriosa de conquistá-las. Com esses NF'S e LF's, logo estarei no ''topo do mundo''. Porque sem ela eu não terei nada para me orgulhar algum dia. E eu tenho que fazer algo que faça toda essa merda de vida valer á pena. Quando eu estiver sorrindo, sem gorduras nojentas como gelatina, eu estarei nas nuvens e verei o sol. E verei todos que ficam me zoando, inclusive Harry. E eu vou ser legal, e as pessoas irão querer estar comigo e ser minhas amigas, e talvez eu deixe que se aproximem, já que não terei mais nada para me envergonhar. O importante é que não estive completamente sozinha nesses tempos, eu sei que tinha alguém ali torcendo por mim, me ajudando a não desistir. Me consolando enquanto minha mãe quebrava as coisas no andar de baixo aos gritos. E em todas as vezes que ela me usou como uma marionete para seus amigos idiotas. E eu não vou decepcionar. Eu prometo.

Toda minha vida, você esteve ao meu lado
Quando mais ninguém esteve me apoiando
Todas essas luzes, elas não podem me cegar
Com seu amor, ninguém pode me arrastar para baixo

A fila andava mais rápido do que eu gostaria, embora eu realmente estivesse querendo logo ir para aula de Literatura, minhas mãos soavam só de pensar em me pesar na frente de todo mundo. Estou morrendo de fome, tenho que ir na cantina e pedir um chá urgente. Amber estava atrás de mim, junto com ela, estavam Harry, Nevaeh e Amelia, Harry e Louis conversavam sobre alguma coisa mesmo estando um pouco distantes e eu estava quase tendo um treco ali no meio deles. Muita gente, gente perigosa, pouco oxigênio... 
- Cassie? Tá bem, criatura? 'Tá mais branca que o Fantasma da Ópera. - ouvi a voz de Louis e demorei um pouco para reconhecer que era ele. Senti suas mãos nos meus ombros e vi uma silhueta mas não conseguia vê-lo. Minha cabeça doía como se tivesse um sino do Vaticano tocando dentro e não conseguia falar nada.
- Ai, Louis! Meu Deus, ela não 'tá bem! - alguém gritou e eu senti um calafrio pelos meus braços e como se a gravidade me puxasse, senti-me afundar enquanto ouvia a mesma voz gritando.

GENTE, 1D LANÇOU MÚSICA NOVA! AI MEU DEUS! DRAG ME DOWN TÁ DEMAIS! PER-FE-CT! Eu tive que colocar no capítulo, ksdfjhfhfjdhjd. My god, não deu tempo da Mia tomar o chá :c  O que vocês acharam do cap? Não vou enrolar muito não, desculpem por não ter atualizado antes. Ah, e que lance é esse do Louis ser pai gente? O mais intrigante é que ele é tipo o Peter Pan do grupo, né, mas ok. Meu coração de Larry shipper um dia se recupera :'D E Lilo destruindo a pinhata do Naughty bola/coxinha? FIHFIEHFIE E a treta do Zayn com O coxinha? E o contrato que o Malik assinou com a RCA? Gente, é muita coisa para comentar essa semana, scr. Sinto que ainda estou esquecendo de algo... PERA, ACHO QUE É ISSO! Vocês viram o video do Harry brincando com o suposto cachorro do Lou? GENTE, O QUE FOI AQUILO? QUASE MORRI. <3 Enfim... Aguardem novas confusões da nossa Cass. Xoxo.



sing me to sleep - quarto capítulo

7.22.2015 | | | 2 comentários :
*n/a: A cena depois que a Miller sai, em itálico é em terceira pessoa, para vocês saberem o que aconteceu depois de ela ter saído.*

Dear Death

- O dinheiro está ao lado da tv. Como eu disse, estou atrasada. - disse antes de sair. Cambaleei até o banheiro e me olhei no espelho. Eu estava pálida, mas meu rosto continuava redondo como uma bola de boliche. De repente, faço uma careta.
Foi tudo um sonho?

Estranho, parecia tão... real. Mas, pelo menos o jeito que minha mãe tinha me acordado explicava o fato de ser um sonho. Oh,  e também tem toda aquela confusão com o Harry. É aquilo com certeza nunca teria acontecido. Graças às forças do Universo. Obrigado, Olimpo. Segurei minha banha da barriga. Por que diabos é tão fácil engordar e tão difícil emagrecer? Deveria ser ao contrário, não? Não dizem que perdemos tudo mais rápido do que ganhamos? Argh, odeio esse mundo confuso e suas coisas contraditórias. Tirei minha roupa e deixei-a cair no chão, girei o registro e entrei debaixo do chuveiro. Me sentia cansada, com sono... Enquanto a água quente escorria, repassei o dia de ontem mentalmente. Minha última lembrança do dia de ontem era... de que estava correndo. É, eu estava correndo e parei numa pracinha, e... e... Oh, meu Deus!

As lágrimas começaram a escorrer junto com a água no chuveiro, antes que eu pudesse impedi-las. Um soluço escapou dos meus lábios, depois outro, e mais outro, até eu estar chorando compulsivamente. Eu fraquejei. Eu acabei com tudo! Eu vou acabar ficando assim para sempre, as pessoas sempre vão fazer piadinhas sobre mim e minhas gorduras transbordantes...

- Inútil... Por que você tinha que fazer aquilo? Você é uma gulosa, fraca. Não sabe dar valor ao esforço e à determinação. Oh, Céus... Sair comendo aquela montanha de calorias e açúcar como se não houvesse amanhã. - eu resmungava para mim mesma, abraçada aos meus braços arrepiados. Desliguei o chuveiro e parei na frente do espelho, me enrolei na toalha. - Você sempre estraga tudo, Cassie. Agora ande! Pare de chorar, sua fraca! Limpe esse rosto imediatamente e recomece! - meu reflexo ordenou autoritária e eu estremeci levemente, com medo. Assenti veemente e liguei a torneira da pia com as mãos, joguei um pouco no rosto e sequei com a toalha cuidadosamente. Minhas bochechas estavam vermelhas, assim como a ponta do meu nariz, de tanto chorar. Voltei ao meu quarto e baguncei todo o guarda-roupas, procurando por minhas meias 7/8. Para meu azar no momento, eu tinha várias e as que eu queria tinham ido fazer um passeio em Nárnia.

Peguei as pretas de ursinho, revirei o quarto para achar meus Converse pretos e coloquei tudo perto da cama. Depois penteei meu cabelo e achei meu celular debaixo da cama. Abri a gaveta com minhas capinhas e coloquei a que escolhi nele. Tudo parecia estar do lado contrário hoje. Achei minha mochila e a joguei em um dos ombros, descendo as escadas e pegando a chave na mesinha de centro. Dei uma olhada na casa. Mordi o lábio ao ver algumas notas ao lado da tv, balancei a cabeça rapidamente e suspirei, saindo de casa e trancando a porta. O que comi ontem era equivalente a uns três dias.


Vi Harry e seus amigos junto com Amelia e Havennah conversando, senti o olhar de ambos, Amelia e Harry sobre mim e apertei os passos, pela primeira vez no dia agradecendo pelo pátio principal estar completamente lotado. Mas para meu azar, tínha aula de  Filosofia hoje, eu tinha Amelia, Nevaeh e Harry como "colegas de classe". Soltei um grunhido com o pensamento e cheguei ao meu armário. Escrevi algumas anotações nos meus post-it's e os colei dentro do armário, para me lembrar mais tarde. Quando estava quase saindo, lembrei que não tinha escrito minha meta de hoje e não tinha escrito um lembrete de me pesar depois da aula. ''Farmácia - remédios para dormir/ comprar uma balança. Sexta-feira: 400 k...''
- O que você 'tá fazendo? - uma voz que não soube identificar parecia estar bem atrás de mim e eu paralisei alguns segundos, com minhas mãos tremendo me virei de frente para pessoa, rasgando o papel em mil pedaços e os deixando cair nervosamente no chão ao ver os cachos que não devem ter visto um pente hoje do Styles.
- N-nada. - ele arqueou a sobrancelha e deu uma risada sarcástica.
- Você é tão patética quando está com medo, Miller. - deu seu típico sorriso medonho, mordi o interior da bochecha - Ah, é.. - fingiu um tom suave e sorriu de forma sádica - Você sente medo toda hora. - ele gargalhou.
Olhei para os lados, mas por mágica praticamente todos os alunos tinham sumido. Só tinha dois alunos distraídos ouvindo música do outro lado do extenso corredor. Engoli em seco, sentindo meus olhos arderem. Sinceramente, minha mente já faz esse serviço, Harry. Não precisa querer ocupar o lugar dela e lembrar-me disso todo maldito dia, em todo maldito segundo. Ele deu um tapa forte no armário, bem ao lado do meu, se aproximando de mim, o que me fez ter um sobressalto com sua rapidez. Soltou uma risadinha que fez eu me encolher.
- Não adianta procurar por ajuda, Cassie. Ninguém poderá te ajudar. Eu sou seu pior pesadelo. - não deveria ser normal temermos outras pessoas, da mesma idade que você, que frequentam seis aulas iguais as suas, deveria? Bom, de qualquer forma, ele estava errado. Ele era um pesadelo, certamente. Um dos maiores e mais assustadores, admito. Mas não era o pior deles.

Eu sabia que Harry e seus amigos eram capazes de muita coisa. Regras escolares não significavam nada, eles podiam facilmente esperar simplesmente o horário da saída, afinal, não podem ser punidos pelo que acontece fora da escola. Além do mais, não era como se essa cidade fosse grande o suficiente para não ter o risco de sair para o shopping ou para uma pista de skate e encontrar o clã do Harry lá. Acho que esse podia ser considerado um dos motivos pelos quais eu quase nunca saía sozinha. A não ser quando era para correr, mas na maioria das vezes eu deixava isso para fazer de noite, mais ou menos naquele horário que ninguém em sã consciência estaria andando pelas ruas.

Ele passou tirou uns fios de cabelo rebeldes do meu rosto e sorriu, virando as costas e desaparecendo pelo corredor com as mãos nos bolsos frontais da calça, enquanto eu estava ainda tentando respirar normalmente, com suas palavras ecoando na minha cabeça. ''Nos vemos na aula, Cassie.'' Respirei fundo e arrumei minha mochila sobre os ombros. Ele fazia eu congelar. Não, com certeza não deveria teme-lo. Mas temo porque ele expõe todas as minhas falhas, que tento ignorar. Temo porque ele faz questão de me lembrar da insignificância da minha existência, temo porque ele pode me dar uma surra pior a qualquer momento. Fechei o armário, colocando o código e fui para minha primeira aula do dia. Que, pelo visto, seria muito, muito longo.

       . . . 
Suspirei, encarando a porta vermelha. Podia ver a mesa do professor da segunda aula pela pequena janela acima da maçaneta, engoli em seco e empurrei a fechadura, adentrei a sala e aproveitei que ela estava vazia para me sentar lá no fundo, na última carteira do canto, onde ninguém iria me ver.

- Argh, minhas esperanças de ter um dia legal no colégio foram para o Espaço de novo. - ouvi a voz de Nevaeh em um tom rude, mordi o lábio, sabendo que se tratava de mim. Eu já tinha ouvido falar que era normal isso, de os ''populares'' escolherem um alvo para atacar e se divertir apontando todas as falhas de tal pessoa, mas até a vida me odeia, então decidiu que boa parte dos populares escolhessem o mesmo alvo. E, sinceramente, eu deveria estar parecendo um queijo, porque eles eram muito bons de pontaria. 

A quem eu quero enganar? Eles só estão falando a verdade. É melhor do que serem mentirosos, pelo menos. Mas, mesmo assim.. Só uma vez bastava, não? Porque precisam dizer isso todos os dias? Eu estou tão cansada disso. Quero dar um fim a toda essa dor, todo esse tédio que já faz parte de mim. Nunca melhora, nunca para... Só piora, e sei que vai continuar piorando cada vez mais. Eles só estão falando a verdade, embora de um jeito bem cruel. A verdade nua e crua sempre dói. Gostaria de poder ter uma máquina desmaterializadora molecular agora. Eu apontaria ela para mim mesma e desapareceria para sempre. Seria o melhor para todo mundo. 

- Amber veio hoje? Aquela ruiva está sempre faltando, meu Deus! - ouvi a voz de Harry e me encolhi mais no canto. Aquela história não parece verdade, mas é. A união faz a força e se separados já me deixam em cacos e hematomas, bem... Juntos, então...

Por que eu não morro logo? Tem tanta gente boa, amante da vida, morrendo por aí e eu aqui... Me rastejando pelos meses, anos... Contando em um calendário ansiosamente os dias, riscando cada um deles quando estes chegam ao fim. Nem a morte deve querer me ter com ela, por que ela não me leva? Tem tantas opções para ela me levar embora desse maldito lugar, acidente de carro, afogamento, pípulas, câncer, homicídio... Mas se bem que, se eu pudesse escolher... Querida Morte, se estiver ouvindo isso, por favor me leve. Mas, se possível, não deixe que seja através de uma queda de avião, não quero que outras pessoas morram antes de suas horas por minha causa. Não. A última coisa que quero é ter culpa até na hora de morrer, por matar os pais de crianças indefesas que necessitam deles. E nem por um estupro. Porque, bom, é muito aterrorizante. Mas acho que de resto, pode escolher qualquer uma. Só me leve o quanto antes. Tenha piedade, eu não aguento mais. Por que deixar viva uma pessoa que não acrescenta nada à vida de ninguém? Eu posso desaparecer para sempre e ninguém irá se importar e nem notar. Quero dizer, sim, tem uma pessoa que irá notar. Harry Styles, você deve conhecer. Mas tenho certeza que ele irá conseguir arrumar outra coisa para fazer ou arranjar um novo alvo. A qualquer momento que quiser, de preferência, agora. Com carinho, Ca...

- Cassie! - levantei a cabeça da mesa rapidamente, olhando em volta. Todos os alunos da sala já tinham chegado e olhavam para mim, inclusive o trio do pesadelo. Me encolhi na minha carteira, vendo que o professor me chamava da frente da sala. - Meu Deus, srta. Miller! Todo os dias eu tenho que ficar chamando sua atenção. Você é uma aluna tranquila mas passa mais tempo flutuando pela Lua do que na Terra. - repreendeu com a voz calma, e todos os alunos ainda prestavam atenção em cada movimento meu. Por um acaso, tentando achar outra coisa para olhar que não fosse a cara do professor pedindo por uma explicação, encontrei Harry me olhando com as sobrancelhas arqueadas e expressão séria. Que ótimo...
- Me desculpe. - sussurrei, muito baixo. Mas ele assentiu do mesmo jeito, já até sabia minha resposta, era o que eu falava todo dia.
- Então, pessoal - chamou a atenção de todos, que desviaram sua atenção finalmente de mim e olharam para ele - Hoje teremos uma aula diferente. Eu convidei uma nutricionista amiga minha para conversamos com vocês sobre... - levantei a mão antes de ele terminar. Ele olhou para mim e franziu a testa, talvez por eu nunca levantar a mão.
- Posso ir ao banheiro?
- Mas srta. Miller, a aula acabou de começar e...
- Por favor, professor. Eu não estou me sentindo bem. - falei e ele suspirou, assentindo. Guardei meu material dentro da mochila, sabendo que quase todo mundo estava olhando para mim, as pessoas dessa escola amam um showzinho de horrores ou qualquer coisa assim. Passei entre as mesas e desviei da mesa de Harry, que era a mais próxima da minha, logo já estava do lado de fora da sala. Fui direto para o banheiro feminino do colégio.

Não conseguia tirar um minuto da cabeça o fato de ter comido aquilo tudo ontem. Aquilo martelava na minha cabeça e estava sempre ali, mesmo que eu tentasse desviar os pensamentos. Eu fui fraca e tenho que me punir, tenho que aprender o que se chama auto-controle. Sim, esse é o ponto. De frente para o espelho, já estava ofegando. Desesperadamente, coloquei minha mochila emcima da pia grande de mármore e com as mãos trêmulas, procurei pelos meus remédios. Achei um potinho cilíndrico amarelo bem no fundo. Sorri. Abri e coloquei os últimos dois comprimidos na mão e deixei o potinho na pia. Peguei um pouco de água da torneira mesmo e tombei a cabeça para trás, jogando os comprimidos. Em seguida, a água. Fiz careta, tentando engolir.



Odeio tomar remédios, sempre é um sacrifício para engolir. Mas eu mereço isso, se não tivesse me descontrolado não teria que tomar diuréticos. Fecho os olhos, me sentindo um pouco tonta e sinto os pêlos dos meus braços se arrepiarem. Yep, eu odeio tomar remédios. Lavei meu rosto e passei a mão no cabelo, que estava meio bagunçado, embora ele pareça um emaranhado quase sempre. Peguei minha mochila e ia sair do banheiro, quando ouvi vozes. Paralisei alguns instantes, pensando se me escondia ou não. Senti a maçaneta girar contra uma das minhas mãos. Tarde demais.

- Amber só pode estar aqui! E eu prometi a mãe dela que iria lembra-la de tomar os remédios para dor de cabeça. - ai, merda. A porta foi aberta e Amelia me encarou, enquanto eu tentava fazer meus pés se mexerem, foi impossível não olhar para o lado e ver Harry ali. Duplamente merda.
Passei pelo lado de Amelia encolhendo os ombros, já esperando que ela falasse algo, mas ela nada disse e eu pude sair finalmente.

A garota com cabelos cacheados parou na frente do espelho e sorriu para o próprio reflexo, ao que Harry revirou os olhos. 
- Sinceramente, você é linda Amelia, não é como se precisasse olhar no espelho de cinco em cinco minutos para confirmar isso. - o garoto riu atrás dela, colocou as mãos nos bolsos da frente e a cacheada virou a cabeça para o lado, um sorriso emoldurado pelo batom sangue. 
- Só para confirmar, Meu Espelho. - soltaram risinhos fracos pela piada e suspiraram, como se lembrassem o motivo pelo qual estavam ali. Amelia checava cada uma das portas, empurrando-as enquanto o garoto subia em cima dos vasos sanitários para ver a cabine vizinha por cima da divisória. 
- Será que a mãe dela veio buscar ela? - Harry saiu da última cabine. Amelia suspirou, não sabendo a resposta. O garoto bufou vendo o estado dos cabelos, tão rebeldes, tão difíceis de domar... Pegou um pouco de água e molhou um pouco e arrumou tudo para trás. 
- Está parecendo um mauricinho. - Amelia riu e o garoto soltou um muxoxo para ela, sacudindo o cabelo como um cachorro perto da garota de propósito, ao que ela soltava uns gritinhos e risadas tentando se proteger. - HARRY! - repreendeu ainda rindo, mas ele não mais a acompanhava. Pousava o olhar sobre a pia, onde um pequeno potinho despertava sua curiosidade. Franziu as sobrancelhas enquanto a parceira de busca retocava o delineador do outro lado do banheiro, próxima à saída. Checou o que ela fazia mais uma vez e olhou furtivamente para o pote, aproximando-o do rosto. Estava vazio. 
- Vamos Harry, o professor já estava desconfiado da gente. Se demorarmos vai achar que a gente estava se pegando por aí. - o garoto fez uma careta. Pensava que seu professor devia estar a muito tempo na seca, já que via malícia até mesmo onde não tinha. 
Sem mais tempo para investigar o objeto intrigante, guardou-o no bolso rapidamente para que a apressada não visse e ela deu-lhe um sorriso, apoiou os braços por cima dos ombros do mais alto, caminhando para fora. Saindo lado a lado do banheiro feminino, um flash atingiu o garoto de blusa xadrez vermelha e preta. Não era Cassie Miller a única garota ali, que já estava saindo, quando chegaram?  


Já estava sentada na minha mesa, reescrevendo minha metas do dia enquanto o professor explicava alguma coisa para a turma. A tal nutricionista ainda não tinha chegado. Levantei o olhar quando a porta rangeu e Amelia e Harry entraram na sala e se sentaram em seus respectivos lugares, que por macumba da ironia, eram próximos de mim, o que fez eu me encolher na cadeira e ignorar as conversas e risadas que eles davam com seus amigos.
Olhei para minha meta de calorias e soltei um suspiro. Acho que se alguém soubesse como me sinto quando olho-me no espelho, diria que sou superficial. Mas essas pessoas com certeza são lindas, inteligentes, promissoras e felizes consigo mesmas. É fácil falar quando você é lindo, é muito fácil especular quando você não sabe qual é a sensação. Mas eu diria a essas pessoas como é. É simplesmente horrível. É horrível você não ver nada de bom em si mesmo, nada de que possa se orgulhar, nada que te faça se sentir bem. É simplesmente horrível perceber que não se tem um motivo para viver, que não tem nada para se orgulhar e se aprimorar em tal coisa. Tipo um talento ou coisa parecida. É terrível ouvir as pessoas dando opiniões sobre você, opiniões que você nem mesmo pediu. Elas falam de você como se você não estivesse ali para ouvir, mas você está, embora desejasse não estar, mesmo. Elas se acham tão melhores apontando as falhas dos outros.

Eu tenho que mostrar que posso ser melhor do que sou agora. Tenho que mostrar que também posso me aprimorar em algo. Tenho que mostrar que elas estão erradas, que também tenho algum valor. Eu quero muito, muito, muito que elas parem de falar de mim. Quero calar as vozes delas na minha cabeça quando estou indo para a cama, quero excluir da minha memória seus olhares julgadores, presunçosos e insinuadores na minha direção. Ter uns quilinhos a mais não deveria ser tão errado, deveria? Eles poderiam aceitar isso, tornaria tudo mais fácil. Mais fácil para mim, que quero apenas me olhar no espelho e me sentir bem. Que detesto ter que ouvir calada os comentários "inocentes" dos amigos da minha mãe e do resto das pessoas por aí e ainda ter que forçar um sorriso.

Eu não vou aguentar por muito mais tempo. Olhei disfarçadamente para os lados, com o leve pressentimento de ter alguém me olhando. Eu não vou aguentar por muito mais tempo. Ouvi risadinhas dos outros amigos de Harry. Quero enfiar uma faca no meu peito e assistir a ''vida'' saindo de mim a facadas. Senti uma bolinha de papel atingir a lateral da minha cabeça. Eu não vou aguentar por muito mais tempo. Senti meus olhos arderem. Eles nunca me deixarão em paz? Os chiados no meu ouvido ficaram mais altos e ao mesmo tempo abafados, todas as vozes falando ao mesmo tempo, eu não conseguia distinguir o que diziam. Mas eu ouvia. E eu queria entender o que diziam. Acho que isso nunca vai passar. Sentia uma mão esmagando meu coração. Porque apesar de tudo, eu sei que preciso da opinião deles. Tudo parece estar errado até alguém me dizer que está certo. E eu tento, tento, tento.. Mas nunca está certo. É um círculo vicioso. Nunca vai parar. Era dolorido, sufocante, devastador... Era uma tortura, mas se for assim, eu tenho um pequeno lado masoquista. Porque sei que eles não me deixarão em paz até estar bom. Mas quando irá ser o suficiente? Só preciso que me digam isso. Me digam quando será o suficiente! Porque estou tentando agradá-los mas nada parece dar certo. Nunca é o bastante, eu sempre estrago tudo. Me digam, me digam, me digam! O que eu tenho que fazer? Apenas isso. Me falem o que querem e vou fazer, contanto que me deixem em paz depois disso. Contanto que as vozes sumam, contanto que eu possa deitar e conseguir dormir ao invés de escutar risadas nos meus ouvidos durante toda a noite, contanto que eu possa acordar pelo menos um dia da minha existência e não sentir uma falta de ar devastadora, um peso tentando me impedir de sair da cama para enfrentar o mundo lá fora... Porque eu não sou tão forte assim. Poderia aguentar tudo isso, mas não sou forte desse jeito. E eu não vou aguentar por muito mais tempo. 

- Vamos falar sobre diabetes. Apresento a vocês, minha amiga dos tempos do Colegial, Anna Lu Chase. - abri meus olhos. O professor bateu alguns aplausos ao que uma mulher entrou na sala sorrindo para a turma. Puxei o ar pela boca, para fazer o nó na minha garganta se dissipar e engoli em seco, tentando prender a vontade de chorar.
- Diabetes? Vamos falar sobre doenças? Isso não faz nenhum sentido. - Rony, no fundo da sala, fez careta.
- Querido, isso é aula de sociologia. Se eu quiser posso falar até do frango do Nando's. - o professor sorriu ironicamente e a sala explodiu em risadas e alguns assovios debochando de Rony.

Depois de alguns minutos, com a minha pessoa rabiscando minha meta de calorias no bloco de post-it's e ouvindo as conversas do Styles e Lucy ao meu lado, a tal da Anna Lu falava sobre coisas que pessoas que tem diabetes costumam fazer para deixar os negócios lá que não me lembro em níveis normais. Então ela parou de falar, olhando para o fundo da classe.
- Diabéticos contam calorias? - olhei para a esquerda, onde eu podia ver todo o fundo da sala e era Harry quem tinha levantado a mão e perguntado. Franzi o cenho de imediato. Surpreendente. Eu não sei o que me impressiona mais: se é ele estar focado na aula ou ele ter levantado a mão para falar. Acho que por eu estar o fitando, ele se virou para mim rapidamente, ainda com a mão no alto. Senti meu corpo estremecer levemente e voltei o olhar para a nutricionista, que deu um sorriso por ele se mostrar interessado.
- Sim, pessoas que sofrem de diabetes frequentemente fazem isso e estabelecem metas de calorias que podem ingerir para não desestabilizar os níveis de glicose no sangue. - ela lhe lançou um sorriso doce.
- Então a Cassie tem diabetes? - congelei ao ouvir meu nome ser dito em voz plenamente alta e me virei abruptamente para o garoto cacheado, que apontava para mim com o dedo. Não que fosse necessário, já que todos, inclusive a médica, me lançavam olhares - que não consegui definir-. Todos.
Heey! Finalmente voltei. Como eu disse, postarei bem mais frequentemente agora. Ainda mais agora que desativei o Piece Of Paper, tenho mais tempo. :) Eu sei que o cap ficou big enorme, mas eu acho que isso é de mim, mesmo. Sei lá. Gosto de dar detalhes, sinto que assim dá para vocês imaginarem as cenas melhor. Dá para imaginar? E o que vocês acharam de saber mais como a nossa pequena Sweet Cassie se sente? E o que acharam do cap? Estou muito animada para os próximos capítulos. Até a próxima. Xoxo.




sing me to sleep - terceiro capítulo

7.08.2015 | | | 2 comentários :
I'd like if he made my wish come true


Cassie.

Eu senti uma brisa fazer cócegas no meu rosto. Sorri. Imaginei-me num daqueles campos com grama verdinha e bem-cortada, um sol não tão quente, apenas o suficiente para deixar aquele calorzinho bom na pele e aquela brisa, balançando as folhas das árvores, criando uma melodia tranquilizante.
- Acorda, urso polar. Não é inverno ainda. - ouvi uma risada e abri meus olhos, dando de cara com minha mãe arrumada para ir ao trabalho. - Bom dia. A casa já está arrumada.Tem suco de geladeira, e o seu café está na sacolinha na mesa. - numerou nos dedos - Tenho que ir trabalhar. Tem uma novata e eu tenho que ajudar Edwin a treiná-la. Deseje-me sorte. - falou rápido, sorriu e saiu do quarto. Fiz uma careta, ainda meio grogue pelo sono.
- Boa sorte... - murmurei. Eu hein.

 Depois de tomar banho, vesti meu uniforme, com um moletom da princesa Jujuba e meias pretas 7/8, que dizem afinar as pernas e além do mais, não mostrava praticamente nada das minhas pernas, o que era ótimo. Deixei meu cabelo solto e coloquei a mochila no ombro. Meu corpo não estava doendo, e agradeci por isso enquanto descia as escadas correndo. Estou com preguiça de fazer exercícios hoje. Só quando chego na cozinha e vejo a sacolinha do Starbucks é que percebo.

Eu tinha conseguido! Consegui meu NF de quarenta e oito horas! Sorri, pegando meu celular da mochila e checando as calorias do mocha que estava na mesa. 66 calorias. Faço careta. Pego a sacola, a chave de casa e encontro Zoe brincando na calçada.
- Hey, Zoe, gosta de mocha? - ela sorriu. "Quem não gosta?" - Quer para você? Minha mãe comprou esse para mim, mas eu só bebo leite desnatado. - sorri e ela rolou os olhos com um sorrisinho. Agradeceu e começou a beber. - Ei, dá um pouco para Madeline também. - brinquei e ela assentiu, oferecendo para a boneca. Eu sorri com a cena adorável e me despedi voltando ao caminho da escola.

- Cassie? - olhei em volta e um garoto andava na minha direção. Arqueei as sobrancelhas. Não lembrava de ele conhecido dos meus amigos. - Finalmente te encontrei! Lembra-se de mim? - sorri envergonhada e ele riu. - Meu nome é Austin. Nos conhecemos quando éramos tipo, anõezinhos. - ele me abraçou e eu permaneci ali, parada, tentando entender de onde aquele ser tinha surgido e como ele tinha me achado.
- Você tem algo importante agora? Eu queria te levar no parque, hoje. - ele mostrou sua fileira branca de dentes, daqueles que pareciam de comercial de enxaguante bucal. Era um sorriso fofo, que ele tinha.
- Hm, eu ia para a escola... - fez uma careta.
- Para escola? Hoje é sábado.
- É? - me dei um tapa na testa - Caramba, é mesmo! Ai que burra. - ele riu da minha breve revolta comigo mesma e me convenceu a ir com ele no parque.

No caminho, ele foi me contando de histórias que tinham realmente acontecido comigo, então aos poucos fui me recordando dele. Foi como se uma lâmpada tivesse acendido na minha cabeça. Austin era um amigo de quando eu tinha uns seis anos de idade. No parque, tomamos sorvete e brincamos até de pega-pega com umas crianças brincando, apesar de o dia estar bem nublado. Eram umas três e alguma coisa da tarde. Resolvemos ir embora e quando estávamos atravessando a avenida, esbarramos em uma mulher cheia de sacolas. Ela estava toda atrapalhada, pedindo desculpas ofegante e eu e Austin ajudamos a pegar as sacolas, que eram no estilo daquelas de lojas de shopping.

- Obrigada. - a mulher sorriu e eu finalmente consegui ver seu rosto quando ela tirou o cabelo que tinha ido para frente. Sorri para ela. - Oh, oi Cassie. - ela sorriu de um jeito doce e suas bochechas estavam levemente vermelhinhas. Ela era tão fofinha.
- Oi, tia..- pigarreei - Anne. - corrigi apresentei Austin a ela, que o cumprimentou sorrindo - Wow, são muitas sacolas. Quer ajuda para levar? - depois de alguma resistência, convenci ela a aceitar nossa ajuda, já que ela não conseguiria de jeito nenhum levar aquilo tudo até em casa.

Adentramos a casa e ela nos guiou até a cozinha, colocamos todas as coisas emcima da mesa e eu arrumei as sacolas em uma fileira. Anne suspirou, cansada assim como nós e acabou rindo, me fazendo rir também.
- Estou velha demais para isso. - ofegou, ajeitando a coluna.
- Que isso, Anne. Não é questão de idade, eu estou quase morrendo aqui. - ri fraco, tentando recuperar o fôlego.
- Porque vocês são meninas. É óbvio que não aguentam muito peso, não foram feitas para isso. Eu aguento. - Austin se gabou e demos língua para ele, que riu.
Anne perguntou se queríamos algo para beber e Austin pediu suco, enquanto eu preferi água. Ela disse que podíamos ficar à vontade, então eu - quase caindo no chão de cansaço - fui até a sala e ia sentar no sofá quando arregalei os olhos.

Harry estava ali. Deitado no outro sofá de frente para mim, dormindo. Por um momento, ele pareceu um anjinho no sofá, de pijama, com o cabelo desgrenhado e abraçado a um... aquilo era um ursinho de pelúcia?! Hm, sim. Era um ursinho de pelúcia. Arqueei as sobrancelhas. Já imaginei Harry Styles até como um sociopata, mas nunca imaginei que fosse vê-lo assim no ano de 2015.


- Lembra quando você vinha aqui para cozinhar, querida? - Anne veio da cozinha, dando uma risadinha. - Que você vinha aqui fazer doces? - tombo a cabeça para o lado, fazendo uma cara confusa. Isso já aconteceu, produção? Não faço a mínima ideia. Tento procurar nos arquivos da minha memória mas é inútil, não consigo lembrar de nenhuma vez que tenha vindo aqui. Eu e minha péssima memória. Anne riu e atravessou a sala, pegou um livro grande e marrom da estante e ficou do meu lado. Abriu o livro para me mostrar e percebi ser um álbum de fotos. Passaram algumas fotos do Harry, ele parecia tão adorável nas fotos quando pequeno que nem parecia essa coisa que é hoje. Eram momentos adoráveis, ele rindo com a mãe dele e quase sempre comendo alguma coisa. Eu ri fraco, quando ela virou a página e eu paralisei por alguns segundos. Na página seguinte, tinham diversas fotos, que foram tiradas todas na cozinha. Em todas as fotos estavam Anne, Harry e... Eu mal conseguia acreditar, mas eu estava ali, junto com eles na cozinha, com um avental rosa pastel, rindo e fazendo uma guerra de farinha.

E então eu meio que sabia o que tinha acontecido.
- Eu lembro disso. - sussurrei - Ele ia jogar farinha em mim, mas eu abaixei e...
- E quem tomou na cara foi o pai dele e o Louis, que estavam atrás de você.
Eu rio, tendo uma sensação de lembrar-me daquilo. Por mais estranho que fosse para mim ter um dia brincado com o cara que não me deixa em paz um segundo hoje.
- O que está havendo? - uma voz rouca e baixa me faz olhar para frente e encarar Harry, que talvez por nossas risadas, tinha acordado e estava andando até a gente.

Sua cara nem esconde que ele está surpreso por me ver aqui. Até eu estou surpresa por me ver aqui. E acho que meu rosto ficou até mais branco, já esperando que ele começasse a reclamar com sua mãe e perguntar o por quê de eu estar aqui. Fiquei acompanhando ele com o olhar, esperando sua reação.
ignorem o fato de ele estar no chão ~

- Estamos vendo umas fotos. - nós três, Austin, Anne e eu nos  sentamos no sofá de frente ao que Harry estava deitado. Ele não pareceu se importar em ir de pijama até o sofá no qual estávamos e sentar bem ao meu lado. Prendi minha respiração, vendo que ele provavelmente queria ver as fotos também. Por que justo do meu lado, Styles? Não é muito legal a sensação de ter o corpo do seu "inimigo", digamos, encostando no seu, sinceramente.
Vi quando ele sorriu de lado quando Anne chegou numa foto em que estávamos na beira de uma piscina. Me recordo desse dia, quase como se pudesse ouvir nossas vozes na minha cabeça. Eu disse que era um unicórnio e ele respondeu ''Não, você não é.'' Lembro de ter ficado meio chateada com sua resposta, abaixei a cabeça constrangida por ele ter falado aquilo. Harry sorriu e pegou seu sorvete de casquinha e só percebi o que ele pretendia fazer quando seu sorvete já estava na minha testa, literalmente. A casquinha estava grudada pelo sorvete, fazendo-a ficar como um chifre de unicórnio no meio da minha testa. Quase pude ouvir sua risada, e ele disse "Agora sim. Nós rimos e eu fingi que ia empurrá-lo na água.

Eu soltei uma risadinha fraca e voltei para Terra, vendo que eles riam e falavam entre si sobre a foto. A primeira voz que consegui discernir foi a do garoto ao meu lado:

- Ah, mãe. Não foi crueldade. Ela queria ser um unicórnio, eu só realizei seu desejo. - o garoto ria e sua mãe balançou a cabeça negativamente, revirando os olhos. Eu tive que rir com seu comentário. Era uma sensação estranha, mas boa. Era como se o que Harry tivesse feito comigo todos esses anos não tivesse acontecido realmente, e só tivéssemos sido separados e então nos encontrássemos hoje, tipo como se fôssemos melhores amigos de infância ou algo assim. Eu queria poder fazer ser sempre assim. Digo, não ser a melhor amiga de Harry, mas fazer com que ele simplesmente não me odiasse. Pelo menos, não tanto. Queria que ele realizasse esse desejo.

Tia Anne disse que ia preparar um chá e, mesmo desconfortável, fiquei no sofá com Harry, continuando a olhar as fotos. Em um momento, enquanto eu observa a ele rindo de uma das fotos mais engraçadas do mundo, ele virou a cabeça na minha direção me surpreendendo, mas não tinha como disfarçar que eu estava fitando ele. Nos encaramos pelo que pareceu minutos, não dizíamos nada, eu apenas tentava reconhecer o que ele queria dizer com o modo que me olhava. Se é que aquele olhar significava alguma coisa.

- Eu queria poder ser criança de novo. - ele sussurrou, quase como se falasse para si mesmo, mas era intencional eu ter ouvido, porque ele não desviou o olhar. Franzi as sobrancelhas, surpresa.
- É? Por que? - não resisti a perguntar. Por que diabos ele iria querer voltar a ser criança se ele amava a vida que tinha agora?
- Porque às vezes, quando estou no meu quarto sozinho, lembro de coisas que eu tinha quando era criança. E que agora não tenho mais. - passei a língua entre os lábios, assentindo. Desviei o olhar para as fotos, mas olhava-o por canto de olho enquanto respondi:
- É. É bem comum nos apegarmos a algumas coisas e querermos ela de volta, quando já não nos pertencem. - apontei para o urso no outro sofá e vi o que parecia, talvez, ser um rubor em suas bochechas alvas. - Tipo seu ursinho. - sorri de lado, mas ele continuou sério.
- Não me refiro ao ursinho.

Abri minha boca algumas vezes, desviando o olhar e tentando formular uma resposta.
- Cassie.
Continuei olhando para baixo, eu nem conseguia olhar para ele.
- Cassie.
Senti minhas bochechas esquentarem.
- Cassie!
Tudo ao redor foi se desvanecendo, e quando olhei para o lado, o Harry não estava mais ali. Tudo ao redor estava branco, não tinha nenhuma cor além do branco ali.

Eu estava no meu quarto. Olhei em volta assustada, procurando por alguém. Cadê... Cadê o Austin? Como eu vim parar no meu quarto?! 

- Até que enfim acordou. Já 'tô atrasada e ainda tenho que acordar um urso polar gigante que hibernou no quarto!



sing me to sleep - segundo capítulo

6.11.2015 | | | 2 comentários :
It must be like a dream coming true.

''Quase nunca é o suficiente.''

P.O.V Cassie

Franzi o nariz, sentindo o rosto arder. Forço meus olhos a abrirem e reconheço o limbo yin. Mais conhecido como meu quarto. Ergo minhas costas da cama e olho em volta. Droga! Por que nunca lembro de fechar a porcaria da janela?! 
Sou atingida pela sensação de uma flecha na barriga e sinto-a protestar. Ignoro e levanto devagar, indo até o banheiro. Passo pelo espelho, sem olha-lo nem mesmo por canto de olho, tomo meu banho e a dor passa. Ando até o meio do quarto e respiro fundo. Hoje consegui 200 polichinelos e 60 abdominais. Caramba! Estou ficando animada com isso, agora só preciso fazer minha doce corrida e mais 400 polichinelos depois da aula. Assim, as metas de hoje estarão concluídas. Minhas pernas parecem latejar e meu corpo está dolorido enquanto desço as escadas, mas meu esforço vale à pena. E vou me sentir muito bem recompensada quando perder essa barriguinha e essas gorduras moles nas coxas.

Troquei a fronha e o lençol da minha cama, estiquei um edredom totalmente branco por cima da fronha e do lençol novos, também brancos, que exalavam um cheirinho de amaciante super gostoso. Parece tutti-frutti. Fui até a lavanderia e peguei alguns itens de limpeza, voltei ao quarto e varri o mesmo, passando pano com desinfetante de morango no chão em seguida. Peguei o espanador e tirei todas as coisas que estavam emcima do guarda-roupas, colocando no chão, tirei a poeira de lá e reorganizei as caixas com materiais de escola reserva e artigos para trabalhos. Terminei de arrumar o quarto e preparei o pequeno-almoço, assim como ontem. Chamei minha mãe e fui me aprontar para o colégio. Eu odeio esse uniforme, não porque é feio ou ultrapassado no mundo da moda, - apesar de ser - mas porque todos ficam ridiculamente iguais. 

Você anda pelos corredores e todos estão do mesmo jeito. Algumas vezes, com olhares apáticos e sorriso sem vida. É isso o que a escola faz com você. Te transforma em uma espécie não comedora de carne humana de zumbi. Ela suga sua alma, suas regras idiotas e desnecessárias tiram sua música, e seu uniforme ridículo tira sua personalidade, sua forma de se expressar. E aí, todos ficam exatamente como irão ficar quando saírem da escola. Apenas mais um em milhões, mais um que segue o gado, mais um que age como gado, mais um que segue sua vidinha "da fase adulta" medíocre, com um emprego que odeia, com um chefe que odeia mais ainda, com uma gravata apertando até os ossos, um salário que termina antes do mês terminar, mais um que nunca realmente vai levantar a voz e reclamar disso, que vai dar meia volta e seguir seu próprio caminho. Mesmo que corra o risco de ficar perdido no meio do caminho, só para seguir sua própria intuição, só para, uma vez na vida, não ir pela opinião dos outros e sim pela sua própria, só para colocar o que você acha e quer na frente do que os outros acham. Porque a vida é sua, os momentos são seus, as possíveis histórias são suas, as escolhas são suas e as consequências também. E todos sabem disso. Todos ouvem, no silêncio em seus quartos antes de dormir, o barulhinho contínuo e estridente do cardiograma da sua alma, em coma, sem muitas esperanças de voltar a vida, porque já está muito cansada desse mundo preto e branco, onde estar com uma carranca é estar normal mas estar sorrindo enquanto anda na rua é loucura, é estranho... Todos sabem disso. Porque eu sou assim, você é assim, todas as pessoas, até nos confins da Terra, são assim, continuamos assim e provavelmente iremos morrer assim. Mas a lei da Inércia é muito mais forte, não é?

Eu demorava ao máximo para colocar as meias, calçar os tênis All Star e em seguida amarrá-los. Vestir o uniforme, vestir um de meus tão amados casacos quentinhos - o de hoje tinha o diabo da Tasmânia na parte da frente - e tudo mais. Deixei a porta aberta para saber quando ela estaria tomando o café, e não demorou muito para eu ouvir alguns ruídos de talheres e xícaras. Senti meu estômago roncar quando ouvi o barulho de um pacote - provavelmente de cookies com gotas de chocolate - sendo aberto. Mas me lembrei de que hoje fazia quase dois dias inteiros sem comer nada, e repeti o mantra na minha cabeça várias vezes como motivação para não estragar tudo agora. Chequei o relógio-despertador da minha mesa de cabeceira e sorri ao ver os números marcando 10 minutos de atraso. Às vezes, agradeço por ir andando até a escola, assim posso gastar algumas calorias e posso ficar sem ouvir os comentários da minha mãe sobre como ela era linda quando estava no colegial, e o quão grande era a fila de garotos que a paqueravam e a convidavam para encontros, e quantos campeonatos de Futebol ela participava como capitã das líderes de torcida, e como seu corpo era bonito e invejado graças ao time de natação do colégio, do qual participara e era uma das melhores apostas para aquela temporada e blá, blá, blá. 

Suspirei ao encarar o imponente colégio no qual eu - infelizmente - sobrevivo estudo. Andei devagar, bem devagar, quase parando, até o portão de ferro e desenhos antigos, Amelia e suas seguidoras estavam logo do outro lado, a poucos metros de mim. Amelia seguiu o olhar de Havennah e parou de rir do que estavam falando, sorrindo na minha direção. 

Ela tinha um sorriso assustador, me dava um frio na espinha só de ver um deles. Podia se esperar tudo de Amelia, ainda mais quando ela sorria. Seu sorriso é cínico, sádico e debochado. Mordi o lábio inferior disfarçadamente, fingindo não ligar para o que me esperava assim que atravessasse o portão. 

Talvez eu pudesse atuar na próxima obra de Teatro do colégio. Porque atuei convincentemente bem no quesito ''ignorar a presença da Amelia''. Porém, bem, ela e suas amigas não ignoraram a minha.
"Garota, você não cansa de me enojar, não?" "Triste que não exista transplante de cara. Caso existisse, eu até pagaria a cirurgia para você.'' ''Acho que você engordou dois quilos, hoje!'' ''Na boa, você não precisa de autorização para ser tão... assim?" "Chamem o Instituto do meio ambiente, acabei de ver um animal selvagem!'' ''Meu Deus! Liguem para o pet sho, rápido! Acabei de achar uma espécie rara!'' Para que ter pensamentos auto-depreciativos se você pode ter alguém como Amelia para fazer isso para você, né? E o melhor: de graça! Sem você precisar fazer absolutamente nada. Nossa, como sou sortuda!

Como de costume, as pessoas em volta riram, eu até teria saído sem ver esse showzinho, ficar ali era masoquismo demais, mas Jamie e Jenny fizeram uma barreira, me impedindo de sair dali. Senti um nó enorme na garganta me sufocar, fiz minha melhor cara de tédio e fui me afastando aos poucos, em seguida correndo até meu armário. Peguei meus livros da primeira matéria do dia e enfiei minha cabeça no armário, escondendo meu rosto de quem quer que passasse. Senti que iria chorar, mas não daria o gostinho para nenhum desses seres de me ver chorando. É humilhação demais, não posso ser tão fraca assim, posso?
Me recomponho e coloco meus fones, aceno com um sorriso no rosto para algumas pessoas enquanto faço meu caminho até a aula de Culinária.

Gosto da aula de culinária, e continuo nela apesar dos esforços do antigo professor para me tirar da classe. É, sinto que ele nutria um terrível ódio por mim. Apenas porque, talvez, assim, eu tenha botado fogo na sala e quase incendiado o colégio inteiro, nada de mais. É uma longa história. Okay, nem tão longa assim. Esse ano, todos meio que sabem do meu histórico ''garota em chamas'' e não me deixam cozinhar. Até porque, sou terrível. Mas, como compensação, eu posso ficar totalmente à toa na aula, fazendo qualquer coisa, até dançando sapateado se eu quiser, até mesmo bater na professora nova com um livro ou fazer uma orquestra com um garfo, desde que eu fique longe dos fogões, fornos e qualquer tipo de objeto cortante. Então eu posso ficar no tumblr, de boa, respondendo as ask's e postando fotos e meus textinhos, na maior paz. Ah, e também posso comer e "avaliar" os trabalhos - os trabalhos mais deliciosos que já vi - que o resto dos alunos faz na aula. Isso é super-mega-extremamente-incrivelmente adorável e legal!

Embora eu tenha tido que rejeitar os cookies de Chrissy Summers e o bolo de Chaz Somers, - acho tão engraçado e bonitinho que seus nomes sejam parecidos - e também o chá e os muffins de Louis Tomlinson. Céus, aquele garoto cozinha melhor que minha mãe! Tá, isso não é grande coisa, considerando que a maioria dos nossos jantares se resumem a pizza e comida encomendada, e que nem lembro a última vez que comi a comida dela pela última vez, mas...
Escolhi a mesa de sempre, logo ao lado da mesa de Louis e ele me lançou um de seus sorrisos, um que eu conhecia bem. Pelo menos, comigo ele podia ser traduzido por ''hoje você não escapa dos meus dotes, Cassie''. E, como de costume, fiquei conversando com um dos meus coleguinhas do Tumblr, eles eram muito divertidos - e confusos, devo acrescentar - e muito, muito adoráveis. Dessa vez, era o The Biggest que vinha procurar meus aconselhamentos. Ha, okay, isso foi engraçado e ridículo.

E, mais uma vez, Louis T. - como costumo chamá-lo às vezes - insistira para que eu provasse as suas iguarias do dia. Um Crème Brûlée, um Fondant, alguns Macarons e Baba au rhum. Me pergunto como essa pessoa conseguiu fazer tudo isso em apenas duas horas e meia, mas okay.  Acho Louis bem talentoso nessa aula, e ele é muito divertido, porque já parou na detenção diversas vezes depois dessa aula, por declarar guerra de comida.

- Hey, Little Cassie, quer Fondant? - ele surgiu de Nárnia na minha frente, com uma bandeja com guardanapos e duas bolas de sorvete ao lado de um bolinho fofinho e pequeno de chocolate. Ambos eram cobertos por cobertura de chocolate e formavam a palavra ''Sweet Cassie'' entre os rabiscos aleatórios e um coraçãozinho pequeno. Após levantar meu olhar do celular e reparar nos detalhes dessa cena, não pude deixar de notar seu cuidado para me fazer aceitar.

- Wow, Louis, você lembrou. - sorri inevitavelmente, vendo o que ele tinha feito. Colocado os guardanapos e talheres, além de tudo alinhados.

~ n/a: ignorem totalmente a legenda :3 ~
Olhei para o rosto do chef, ele pareceu estar bastante orgulhoso ao sorrir na minha direção.

- Hoje é o dia da Culinária francesa, certo? - sorri e ele assentiu, retribuindo meu gesto.
- Mas, especialmente o Fondant, não é exatamente francês. Um diz que é de um lugar, outro diz que é de outro... Mas eu acredito que seja brasileiro. - sorri, assentindo - Sabe como ele se chama lá? - fiz que não com a cabeça, e sua animação pareceu aumentar assim como seu sorriso - Petit Gâteau. - fez um biquinho engraçado para falar e eu ri.



- Seu sotaque francês é tão adorável.
Elogiei e ele fez uma reverência em agradecimento. Além de Culinária, fazemos aula de Francês juntos, confesso que já colei dele. Mas foi no 9º ano, juro.

- Hey, Lou, onde o Harry 'tá? - acho que tremi só de ouvir Molly dizer o nome dele, tirando sua fornada de doces que eu não conhecia do forno.
- Na sala de informática. - o garoto a minha frente respondeu, voltando seus olhinhos brilhantes para mim.

Eu enrolei, enrolei, mas mesmo assim ele ficou lá, puxando assunto comigo, inocente... Nem percebeu que na verdade eu queria que ele voltasse para o lugar dele logo e levasse aquela bandeja junto com ele. Como era de se esperar, eu não comi os lanchinhos dele. De novo. Meu coração parecia partir ao ver a carinha de gato de botas do Louis, mas eu não podia fazer nada a respeito.

Só me sinto mal. Porque ele é adorável e cozinha muito bem, - prova disso é minha enorme dificuldade em dizer não para ele, e o fato de que estou quase babando nesses doces. Culinária francesa e suas invenções engordativas - e embora prefira que as pessoas não tenham muitas expectativas quanto a mim, não gosto de deixá-las desapontadas. Principalmente se a pessoa for alguém como Louis.
Suspiro pesado e volto minha atenção ao celular. Esse garoto deve ter ansiedade, só pode. 5 ask's em 10 minutos?!

***
Estava na hora do intervalo. Senti minha barriga doer um pouco enquanto guardava meus materiais, a sala completamente vazia, com excessão de mim. Peguei minha garrafinha roxa e comecei a andar pelos corredores, que já estavam vazios, já que todos estavam no primeiro andar, procurando por um bebedouro. Enchi ela com pressa, embora tudo estivesse silencioso ali. Senti meu corpo ser virado rapidamente e antes que pudesse assimilar o que tinha acontecido e quem tinha me virado, senti uma dor passar como um choque de minhas costas e se expandir por meu corpo, juntamente com o barulho de água sendo esparramada. Fui empurrada na parede, concluí ao reconhecer as figuras de Gabe e Grayson a minha frente, um ao lado do outro, de braços cruzados e os típicos sorrisos marotos. Mal conseguia me mexer, estava paralisada. Tanto por medo quanto pela maldita dor. Movi minha cabeça minimamente para baixo. Mordi o lábio inferior, estava morrendo de vontade de comer uma maçã ou uns morangos e agora minha água tinha ido por água abaixo. Okay, ficou estranho isso, mas quem se importa?! 

Quando acho que não pode piorar, um ser chega a passos lentos e cenho franzido, com as mãos nos bolsos do jeans da frente. Típico de Harry Styles. Ele olha em volta, em seguida alternando o olhar entre mim e a garrafinha de água no chão. Sorriu sadicamente, um sorriso que eu já conhecia e temia. Ele se aproximou, prendi minha respiração instantaneamente e minha boca doeu ao sentir seus dedos em contato com a pele do meu rosto, apertando minhas bochechas entre o polegar e os outros. Fechei os olhos com força, sentindo eles arderem e um calafrio na espinha. Era um toque quente, mas não significava bom, já que uma fogueira também é quente, e causa queimaduras. 

- Abra os olhos, Cassie. - fez um tom doce e baixinho, que me acalmaria, se não viesse de um Styles e se eu não soubesse reconhecer o tom de deboche presente. Abri-os devagar e ouvi sua gargalhada rouca ao perceber que eles estavam marejados. Ele estava muito perto, mais perto que a distância que eu gostaria. Aproximadamente, 500 anos-luz de distância.
Grayson e Gabe riram, mas quando iam começar a falar, se auto-interromperam. Então eu ouvi passos de salto alto ecoando pelo corredor ao lado, parecendo se aproximar, a caminho de onde estávamos. Harry, ainda me machucando com seu aperto em meu rosto, virou apenas o rosto para a direita, de onde os passos vinham, na curva do corredor. Reconheci pelo vestiário antes que pela cara, uma espécie de ''sub-diretora'' do colégio, que comandava quando os diretores mesmo não estavam presentes. Ela era assustadora. Arregalei os olhos e senti meu corpo tremer quando senti o calor do corpo de outra pessoa vindo de encontro ao meu em ondas. Harry tinha exterminado quase a distância inteira entre nós, se eu respirasse iria sentir sua barriga prensada à minha. Seus braços foram num movimento super rápido para cima de meus ombros, eu não sabia que merda ele estava fazendo, me assustei ao perceber que aquilo era uma espécie de abraço. Mas, para deixar a situação um pouco melhor, ele não me abraçara de verdade, seus braços pairavam a no máximo, dois dedos de distância dos meus ombros. Mas ainda dava para sentir sua respiração arrepiar meu pescoço. Mas não era um daqueles arrepios que tem nos filmes, claro que não. A mulher chegou até nós, arqueando as sobrancelhas e ... aquilo era um sorriso de canto em seu rosto? De qualquer forma, ela continuou andando, enquanto eu silenciosamente implorava para ela voltar e me salvar dali. Mas é claro que ela não faria nada. E então, minha última esperança de salvação é estilhaçada quando o barulho incômodo dos saltos clicando no chão diminuem e ela desaparece na curva do corredor. 

Estou, literalmente, muito ferrada. 

Ainda estava prendendo a respiração, quando Harry olhou fundo nos meus olhos, me deixando incomodada, mas permaneci encarando seu rosto, procurando por uma resposta do que ele faria a seguir. Acho que, pelo menos ele, entendia minha telepatia. 
Porque não demorou muito até eu receber minha resposta.
Minha barriga doeu como não tinha doído há dias, senti sua mão quase atravessar minha pele e empurrar todos os meus órgãos para meu pescoço. Arregalei os olhos, tentando inutilmente puxar um pouquinho de ar, que já me faltava. 

***

Penso em minha mãe enquanto tranco a porta de casa, já com minha calça e blusa de frio, ambos de moletom - minha roupa para exercícios no exterior da minha casa - olho para rua. Ela tem duas bifurcações nas extremidades, e ambas extremidades são cruzamentos. Lembro-me do pior cruzamento de Londres, é uma invenção bastante peculiar. Sorrio com o pensamento de milhares de pessoas reclamando dele, turistas, que se confundem e erram a entrada do cruzamento menor. Mas os londrinos mesmo já estão acostumados com isso. Eu podia dar uma visitinha para Londres... Vou falar com minha mãe sobre isso, afinal, preciso de dinheiro e ela é uma espécie de contadora pessoal, sabe de quase toda santa libra que sai da conta bancária da família. Estou vendo a hora em que ela vai chegar em casa e falar ''Cassie, adotei uns amorzinhos, conheça meus bebês'' e mostrar-me uma maleta preta, daquelas de executivos milionários, aberta e cheia de dinheiro.

Ri com meu devaneio e comecei a correr. Ainda não tinha escurecido, amo esse fato sobre o verão, embora já estejamos no outono o dia ainda é mais longo. Eram por volta de 5:00 p.m e minha mãe estaria em casa às 7:30 p.m Ou seja, tenho duas horas e meia para ir, voltar, tomar banho e fingir que estive em casa todo esse tempo. Ou, posso dizer que estive no shopping comprando uma calça nova e alguns livros. Bom, mas para isso eu precisaria realmente ir ao shopping. Hm... Ela não gosta muito da ideia da filha da grande oradora da turma de 1997 passar a tarde inteira em casa, então... É, vou ir ao shopping depois da corrida. Mas vou passar em casa primeiro, porque não é? Iria ser super normal eu com roupa de ''malhação'' - toda de moletom, na verdade - em um shopping. Claro, claro, a última moda em Milão.

Depois de minutos, respiro com dificuldade e olho em volta com mais atenção. A paisagem já mudou, não sei ao certo quanto corri, para falar a verdade. Admito, nunca fui boa em metros, centímetros, quilômetros ou qualquer outra forma de medida. Nem vou comentar que não sei como não reprovei em Física e Matemática. Se alguém me perguntasse, quantos metros foram, eu não teria a menor ideia. Falando sério. De qualquer forma, tinha uma pequena praça à minha direita. Um carro de sorvetes tocava uma música fofinha e calma, atraindo atenção das crianças rindo e brincando na praça, fazendo fila para e escolhendo seus sabores preferidos. Sorri com a cena, embora estivesse desejando com todas as minhas forças - embora, na real, não fossem muitas, principalmente agora - sair correndo, furar a fila e comprar um com umas três bolas. Cada um de uma cor.

- Cassie, qual é seu sonho? - a garota com cabelos loiros e macios que eu conhecia bem sorriu para mim, enquanto saltitávamos, seguindo a melodia alegre pela praça. Demorei um pouco a responder. Oras, qual seria meu sonho? Ir para a Terra do Nunca? Ter um unicórnio, talvez? Encontrar um elfo e pedir que apresente-me ao seu mundo e me mostre como subir em um arco-íris? Coloquei a mão no queixo e olhei para cima, para deixá-la mais curiosa. Olhei para o carro dos sorvetes, logo a nossa frente. Vi alguns garotos recebendo seus pedidos, eu os conhecia, eles eram colegas da loirinha ao meu lado e estudavam com a gente. Sorri, observando seus sorvetes e lembrando que ontem mesmo me contaram que justamente aqueles eram seus preferidos, em suas mãos. 
Nos aproximamos ainda mais dos amigos dela, eles disseram 'oi' e nós respondemos o mesmo, sorrimos. Senti eles me olharem e sorrirem, seguido de risos acompanhando os meus quando respondi:
- Meu sonho é um dia comprar um sorvete com várias bolas, uma emcima da outra, com todas as cores do arco-íris.

Balancei a cabeça, com a doce ilusão de que isso sacudiria minha mente e espantaria o pensamento. Mas me forcei a pensar em outra coisa, foquei nas folhas alaranjadas das árvores da pracinha e desviei o olhar para o estabelecimento no qual parei justo na frente, na calçada. Meu sub-consciente deve ter revirado os olhos no mesmo segundo, mas eu mesma não me importei e sorri.

Era de se esperar. Você está de brincadeira comigo, não é? Que macumba do Universo é essa? Conspiração agora, é?
Meu sub-consciente protesta, mas eu o ignoro por, pelo menos, uma vez e observo atentamente aos detalhes da loja, tenho quase certeza que minhas pupilas dilataram e meus olhos estão brilhando.
É aqui. Esse lugar é um clássico. Se manteve firme e forte por tooodo este tempo. Lembro de uma mulher com cabelos loiros e meio desgrenhados entrando pela porta, um sinal soava no alto dela, a mulher vinha cantarolando o último jingle da loja, aquele que passava como plano de fundo dos comerciais na tv. Ela me dava um peteleco no braço e um sorriso, enquanto eu girava num dos bancos altos e coloridos do balcão. Ela sorria e pedia um milkshake gigante, daqueles adoráveis, servidos em taças enormes. Olhava para mim, ainda que tonta, continuava girando no banco. Era gentil e perguntava sempre meu nome, eu dava algumas risadinhas, dizendo meu nome e ela se apresentava. Ela sempre fazia jogos de palavras com seu nome, ela chamava-os por um nome em específico, mas não me lembro dele agora. Ela embaralhava as letras de seu nome e fazia um outro com as letras em outra ordem. Então, todos os dias ela tinha um nome diferente. Então ela me fazia cócegas na barriga e dizia que eu tinha bochechas fofinhas, como as de um esquilo do Hyde Park. E me pagava um milkshake de qualquer sabor que eu quisesse. Um dia, perguntei por quê ela parecia familiar, mas tinha um nome totalmente diferente da pessoa com a qual se parecia. Ela sorria, um sorriso cúmplice, me olhando de lado, e respondia "Podemos ser o que quisermos Cassie, por exemplo, eu posso ser uma espiã criminosa disfarçada nesse momento, ou uma nobre da realeza da Escócia, ou então uma parente do interior da Rainha Elizabeth, mas contanto que eu não me esqueça quem sou, ainda continuo sendo eu, em todas essas minhas personalidades diferentes. O que não pode acontecer jamais, baby... - sugou seu milkshake fazendo um barulho engraçado com o canudinho rosa pastel - ..é você perder a si mesma." Concluí que ela tinha razão. Mesmo usando uma roupa de astronauta, ou com roupa de motoqueira, daquelas que vivem nesses bares decadentes e violentos da Rota 66, ou com roupa de secretária, daquele tipo com saia e coque com lápis, daquele tipo que tem um caso com o chefe, ou então com uma roupa de palhaço e, até mesmo, com uma fantasia engraçada, que parecia que ela estava pelada e era um personagem daquele jogo, The Sims. Ela nunca deixou sua essência, ela sempre passava pela porta com o cabelo desgrenhado, passava as mãos pelos fios rebeldes, me dava um peteleco, sorria de lado e se sentava, reclamando de se sentir baixinha naqueles bancos, pois seus pés ficavam flutuando, pedia seu milkshake - quase irrevogavelmente, uma mistura estranha de baunilha, morango e chocolate - e me contava histórias que tinha vivido - e sobrevivido. Histórias de ex-namorados, histórias de confusões nas quais se metia, histórias engraçadas - embora ambas anteriores também fossem - e histórias das quais até Apolo riria. Eu nunca teria uma prova sequer de que aqueles tempos existiram realmente e aquelas histórias tinham sido vividas - embora acreditasse fielmente nisso -, mas em minha mente elas existiam. Tão vivas quanto o brilho no olhar da loira e tão memoráveis quanto ela. ''que tinha se perdido em algum lugar no passado.'' ~depois tirar essa parte daqui :3 ~

P.O.V Narradora

Ela sabia. Ela sabia que não podia. Ela sabia. Merda! Por que as coisas erradas sempre parecem tão tentadoras? Ela sabe que são tão deliciosas, mas esse deve ser o jeito que as coisas ruins atraem as pessoas, não é? Se não fossem boas, por que iríamos querer fazer? É a tentação. É a atração pelo proibido, o ser humano sempre foi assim. Atraído pelo impossível.  É assim que atingimos nossos objetivos pela história, acreditando que o impossível é possível, pulando no abismo do desconhecido, torcendo para que haja um colchão lá embaixo, que amorteça a queda. Ela estava presenciando um terrível embate, uma luta constante de Tentação vs. Objetivo. Mas ela acreditava que seu esforço daqui a alguns dias valeria à pena, e finalmente conseguiria dormir.


Ela mal podia esperar. Para subir na balança e ver que sua meta estava atingida, olhar no espelho e não ver uma pele protuberante, nenhuma pele fora do lugar, e claro: parar de ouvir de uma vez tantas reclamações e julgamentos e calar a boca de todo mundo que dizia que ela ficaria gorda para sempre. Ela não tinha nada contra pessoas gordas, de verdade, a menos que fossem sedentárias, aí sim ela ficava brava, querendo arrastar a pessoa para o consultório da nutricionista de sua mãe. Mas ela queria fazer isso por ela. Porque ela não gostava do que via, e se sentir bem consigo mesmo é importante. Se você se sente bem gordinho, maravilhoso, mas se não, você tem o dinheiro - como controlador do seu próprio corpo - de ir à academia, praticar exercícios e mudar isso, certo? Certo.

Mas e quando a tentação parece estar em todos os lugares, e parece ser tão convidativa e inocente? E quando você pensa que aquilo não vai fazer mal? Vai ser apenas uma vez e pronto? Será que uma assopradinha de nada destruiria todo um império de cartas? Claro que não, impossível. E quando parece que justamente as pessoas que ressaltam o quanto está acima do peso e feia, ficam induzindo você a não atingir seus objetivos? Quando elas parecem - e com certeza estão - tentando evitar que você consiga? Por que elas querem tanto que você fracasse, afinal? Elas não estão reclamando?
Por que, forças do universo, o seu inferno naquele momento se parecia tanto com o Paraíso?


Ela contou. 1, 2, 3... Até 99. Contou rápido. Mas nem isso adiantou. Sentiu a costumeira dor nas pernas e barriga, tinha corrido muito. Uma mistura de padaria e sorveteria se encontrava bem a sua frente. De um lado e de outro da porta fechada de vidro, tinham janelas no estilo vitrine e a davam visão de todo o lugar. Várias mesas estavam ocupadas e as pessoas nas mesas riam e conversavam, comendo seus doces, pães e milkshakes. Ela nem tinha forças para repreender seu estômago, quando este deu sinal de vida pela terceira vez no dia. Ela nunca tinha passado de 24 horas antes, agora faltava pouco para completar 48 horas desde que comeu aquela maçã, e estava quase conseguindo. Mas quase nunca é o suficiente.

Ela notou quando sua visão perdeu o foco, tudo estava menos claro e mais embaçado, mas ela ainda conseguia enxergar. Sua perna vacilou um pouco quando ouviu o sino tocar no alto da porta, ela o olhou e sorriu, ouvindo uma música da Colbie Caillat e do Jason Mraz tocar enquanto várias pessoas conversavam. Se virou para o balcão, Louis Tomlinson estava ali. Ela o reconheceria em qualquer lugar, com aquele cabelo adoravelmente indefinível, impecavelmente arrumado e ao mesmo tempo bagunçado, tipo uma placa de informação, apontando para todos os lugares. Estava de costas, sentado em um banco alto no balcão, rindo alto de alguma coisa que um dos atendentes dissera. Eles vestiam uniformes fofinhos - ou apenas um crachá, caso quisessem -, os garçons usavam patins e conversavam e acompanhavam a música com alguns detalhes e bandejas emcima do balcão. Eu sorri, por lembrar de mim quando pequena, girando nos bancos coloridos, assim como Louis está agora, por ver a alegria deles em trabalhar ali, isso prova que nem todos os trabalhos do mundo são chatos, com certeza não. E nem todos os atendentes tem mal-humor. Eles eram risonhos e divertidos, tinham uma vibe muito boa.
Mas meu sorriso se desfez no momento em que vi quem fazia o Tomlinson gargalhar alto. De acordo com a teoria Yin e Yang, quando uma das forças do mundo - bem ou mal - atinge um ponto extremo, manifesta-se dentro de si um sentimento oposto. Mas eu me recusava a aplicar o Yin e Yang nessa situação. Não aqui. Aqui sempre foi alegre, colorido e fofinho. Não pode ter uma energia ruim aqui, aqui é tipo, respirar a felicidade.

Ele estava do outro lado do balcão. Assentia para alguma coisa que alguém falava e sorria com a língua entre os dentes, jogando o cabelo para o lado com a mão. Não, 'pera... Do outro lado do balcão? Arregalei meus olhos e observei suas roupas. Oh, meu santo padroeiro do chá com baixa caloria, ele trabalha aqui! Droga, não me lembro de ter visto placa de ''Precisa-se'' aqui, nem mesmo me lembro de tê-lo visto aqui antes. Droga, droga, mil vezes droga! Por que justo aqui, por que justo ele, oh, forças do Universo? Abaixo minha cabeça rapidamente e aperto meu lábio com força, procurando por uma mesa disponível. Achei uma vazia e que estava limpa e me sentei. Era uma das mais afastadas, que dava vista para todo o resto do lugar, para falar a verdade. Brincava com o porta-canudos da mesa, mantendo o olhar fixo no celular deitado na mesa, esperando uma mensagem que parecia durar mais que 40 segundos para chegar.

Talvez não fosse apenas seu amigo um ansioso. Alguém coçou a garganta perto dela e Cassie levantou o olhar, que durou apenas um segundo e voltou para o celular, que capotou de sua mão como se estivesse escorregadio e caiu no chão. Cassie gaguejou algumas vezes sob o olhar do ser um pouco acima dela, com um caderno de anotações em mãos.
- Maldito Newton! - ela resmungou e ser deu um rápido sorriso de lado. Ela saiu de sua mesa e abaixou no chão, pegando o celular e a capinha. Atrás dela, a pessoa arqueava as sobrancelhas ao ver sua tela de bloqueio. Balançou a cabeça freneticamente e respirou fundo.
- Então... Eu tenho que anotar seu pedido. - tentou ser o mais educado possível, e achou que deveria ser aplaudido por conseguir tal coisa tão bem. Mas sua língua estava coçando dentro da boca para falar o quanto Cassie parecia estrábica e pálida, como se nunca tivesse visto o sol na vida. Ele sorriu internamente. Teria outras oportunidades para lembrá-la disso.

- Ah, não precisa, eu mudei de ideia. Tava sem fome, mesmo. - a garota fez uma expressão como se não ligasse e se atrapalhou em levantar, batendo na parte debaixo da mesa. Ele apertou os lábios para não rir. ''É tão engraçado ver Cassie assustada. Ela parece um gatinho numa selva, pequeno e abandonado, sempre gaguejando e tremendo. E claro, pelo menos uma vez no dia, caindo. Ela não é muito desastrada, mas acaba sendo por viver enfiada com a cara no meio de um livro idiota qualquer. Estou vendo a hora que, em um recreio, no corredor, ela será sugada por um deles, de tão perto que seu rosto fica das páginas.'' O garoto riu internamente de seu próprio pensamento, imaginando um mundo sem Cassie Miller para irritá-lo apenas com sua presença.
A garota sentiu o sangue parar de correr seguindo um aperto no pulso.
- Não, vai não. - usou uma doçura ameaçadora, se é que isso era possível.

Mas todo tipo de coisa estranha e assustadora podia vir de Harry, pelo menos do ponto de vista de Cassie. - Você tem que ficar aqui e fazer seu pedido, porque se Lolly ou o dono virem que você está indo embora agora, vão achar que te fiz alguma coisa. - ele podia sentir a garota tremendo sob seus dedos, forçou mais o aperto em volta de seu pulso - E aí eu vou ter que realmente fazer alguma coisa. - lançou-lhe um sorriso sugestivo e soltou seu braço, como se tivesse ajudado-a a levantar e sorriu. Um sorriso que Cassie achava não ver desde.... Ela nem se lembrava se alguma vez tinha visto aquele sorriso de Harry Styles. Embora tremendamente falso, ele conseguia fingir genuinidade muito bem. Não era um sorriso safado, sádico, travesso, irônico nem seu sorriso do tipo "Acho melhor você correr, agora. Ou você corre, ou você morre. Espero que tenha o costume de praticar exercícios.'' Era um sorriso amigável, gentil, quase docemente infantil. Quase.
 


- Agora.. No que posso te ajudar? - ele fez sinal com um olhar para que ela sentasse, ela apalpou a mesa até estar novamente sentada, sem conseguir tirar as órbitas dilatadas do olhar de Harry. Respirou fundo, fazendo um sinal para ele esperar. ''Eu mereço uma recompensa por isso, um big sundae, talvez. Ou um sorvete de três andares. Aguentar a lerdeza desse ser é exigir demais da minha sanidade.''
- E-eu vou querer... hm... - o olhar estava concentrado no porta-canudos, ela brincava com a ponta da manga do moletom. Nem conseguia encará-lo, seu olhar para ela era tão assustador. O garoto esperava pacientemente - ou não tão pacientemente assim - ao seu lado. Ela levantou o olhar pela primeira vez desde a cena anterior e o Styles arqueou as sobrancelhas ao ver o que parecia um brilho no olhar da garota e um sorriso de criança crescendo em seus lábios. ''Okay, menos vodka na próxima semana...'' -
- Vocês tem aqueles sorvetes com vários, tipo, andares? Sabe, várias bolas? - ele assentiu, ainda desnorteado pelo atual estado de espírito de Cassie. Ela estava... alegre? Realmente alegre? Ali, na presença do garoto que faz da vidinha dela um inferno? - Vou querer, por favor. ''Santos deuses do Olimpo, essa garota 'tá possuída por Hades? Por que ela está sorrindo? Louca. Esqueci que se trata da Miller.''

- Tudo bem. - pegou a caneta em seu bolso. - Pode repetir, eu... esqueci. - por um segundo, Miller achou que ouviu um tom de constrangimento ali, acompanhando o fato do Styles ter abaixado a cabeça e desviado o olhar, mexendo no cabelo. Mas seu sub-consciente riu de sua ingenuidade, era Harry Styles, afinal. Não ficaria envergonhado nem se estivesse pelado. Seu sub-consciente falou e a garota desejou ser uma tartaruga e enfiar a cabeça no casco, tamanha era sua vergonha. Sua pele pálida não ajudava muito no quesito ''não parecer envergonhada'', porque um fluxo de vermelhidão se acumulava nas bochechas. Eca. Pensou, antes de repetir o pedido. O garoto assentiu e saiu dali, olhando algumas vezes para ela, pelo caminho, cerrando os olhos e torcendo os lábios para a garota. ''Acho que ela tem problemas mentais.'' Pensou, ao vê-la fingindo que um dos canudos coloridos era um bigode acima de seus lábios. Ele riu. Ela era tão retardada. Sacudiu a cabeça, se concentrando no caminho até a cozinha e deu o pedido aos chefs, na área privada da padaria.

''Desculpe ficar demorando para responder. Estou trabalhando. xD'' ''Apesar que acabou de esvaziar.'' 
'' Não sabia que trabalhava xD"
''Achou o quê? Que eu passava minhas noites sentado no sofá, enrolado em um cobertor com um pote de Nutella, assistindo uma maratona Friends?''
Ela gargalhou.
''Agora magoou..''
'' HAHAHA, você faz isso? Céus, Littlest, você tem algum tipo de vida?! xp''
'' Não, imagina. Na verdade, eu estou em coma terminal e quem vos fala é meu espírito, que está conseguindo digitar.''
'' Haha. Vou acabar sendo demitido se continuar me fazendo rir tão alto.''
'' Que bom. Assim você pode pedir o salário e gastar comprando Nutella's para mim. xx''
'' Ah, tá. Apenas se eu puder levar todo o estoque de Nutellas para sua casa, aí assistimos a quarta temporada juntos e você divide a Nutella comigo. XD''
'' Nem em um milhão de anos.''
''Desculpe, mas não posso deixar você se destruir. Ficaria com diabetes e morreria, de tanta Nutella no sangue. Não posso deixar você morrer. XD''
Seis minutos depois, Cassie ainda encarava a tela brilhosa do celular a frente do rosto.
''Claro que pode. E deve. Pelo menos, morrerei feliz.''

Sorriu de lado e seu pedido chegou, Cassie se manteve de cabeça baixa, até ver sua bandeja sendo colocada com cuidado na mesa. Ela deu um sorriso que sentiu uma dor leve nas bochechas.
- Hm, foi Louis que colocou aí. Conhece Louis, não é? O Tomlinson, então... Ele disse que você tem toda essa coisa de limpeza e tal. - ''coisa de limpeza?'' Ela não tinha ''toda essa coisa de limpeza, certo? Certo. Ela só se recusava a ingerir um monte de bactérias. Isso era simplesmente cuidar da sua saúde, que aliás, exigia muito dela. Interiormente, seu sorriso murchou por causa de seu comentário, mas ela aumentou o sorriso. Era uma coisa boa afinal, Louis ter se dado o trabalho de lembrar que ela não gostava de comer apenas com as mãos, para suas bactérias não irem para o lanche.
- Oh, wow. Ele é uma pessoa tão legal, pode agradecê-lo por mim? - perguntou com a voz suave, o garoto assentiu, travando o maxilar - Obrigada, muito gentil da sua parte. - colocou o cabelo atrás da orelha. - Hm... Eu... - a garota se perdeu alguns minutos olhando de um jeito que Harry não soube identificar para o pedido - Pode me trazer uma cobertura de chocolate, por favor? - ela pediu, quase implorando. Ela sabia que Harry não era um exemplo de paciência, ainda mais com pessoas. Ainda mais com ela. Harry assentiu, dando de ombros e logo voltou com a cobertura, pondo-a sobre a mesa.
- Para quê a bandeja menor? - quase não a ouviu sussurrar.
- Ah, é que... Sabe, pro caso das bolas caírem. Porque você é bem... - ela assentiu, indicando que já tinha entendido e ele não precisava terminar. Ele terminaria, mas acabou ficando calado.
Encarou a garota de braços cruzados por segundos, até ver que ela continuava encarando o sorvete, tão parada que parecia nem respirar. Sabe quantas calorias tem nisso? MUITAS. Umas 900. Ou mais. Ele perguntou se tinha algo errado. Ela o olhou sorrindo e negou com a cabeça. ''Não vai comer?'' perguntou, como se fosse o óbvio. ''Tá com algum problema?''
- Não. Nenhum. - deu de ombros. - É que.... por, por um momento, esqueci que era você... - ela completou baixo, ele mordeu o canto interior da bochecha, fingindo não ter ouvido e se apoiou na parede. Ela olhou em seus olhos e, em sua cabeça, podia jurar que vira em suas íris verdes uma resposta para sua pergunta silenciosa. "Pode comer, te dou permissão.'' Ela pegou a colher, encheu de sorvete colorido, de várias cores em uma vez só e respirou fundo, colocando na boca. A sensação era a melhor de todas, deixou os músculos relaxarem e um dos sorrisos mais espontâneos se formar entre as bochechas. Um pequeno ''hmmm'' escapando de seus lábios. No meio da bandeja, tinha uma bandejinha menor, com diversas bolas de sorvete dentro.

- Isso deve ser a realização de um sonho. - falou rindo e olhando para baixo em seguida, de braços cruzados em reação ao brilho nos olhinhos da garota, admirando o sorvete. Ela colocava outra colherada na boca, parecendo irradiar felicidade e arco-íris porpurinado, na opinião dele, assim que sentiu o gosto do sorvete de flocos. Ela ignorou-o totalmente, só era mais uma de suas zoações ridículas por seu comportamento, no momento, também ridículo, com certeza, mas ela não se importou. Céus, como aquilo era bom!

Só continuou se deliciando com o gosto quase esquecido que o sorvete tinha. Um gelado gostoso, que a fazia querer sair saltitando por aí, enquanto era observada por atentos olhos verdes a dois metros de distância.

Continua...



Okay, eu devo ser uma bitch. Me desculpem pela demora, de verdade! <3 O cap estava quase pronto, mas já eram três da manhã ontem e eu estava morrendo de sono, acabei dormindo com o notebook aberto do meu lado. Acreditam? Bom, perdoem-me também pelo big-ultra-supremo-master-incrivelmente-gigante capítulo de hoje. Eu sei, sou detalhista, mas queria que vocês imaginassem as ações das cenas tudo direitinho hoje, garanto que daqui por diante vou me esforçar muito, muito mesmo, para não passar de, no máximo, três mil palavras, sim? Desculpem se em algumas partes ele está cansativo >.<
MAS ENFIM..... AI MINHA SANTA PADROEIRA DAS BOYBANDS COM SEXUALIDADE QUESTIONÁVEL, A CASSIE ESTÁ COMENDO UM BIG-SUPREME SORVETE! OITOCENTAS CALORIAS MEU POVO, O LIMITE QUE ELA TINHA IMPOSTO ERA 20. ISSO PORQUE JÁ TINHA GASTADO ESSES VINTE PARA COLOCAR AÇÚCAR EM SUAS XÍCARAS DE CHÁ QUE EMAGRECEM/ALIMENTAM. <3 <3 TÔ TÃO FELIZ POR ELA, AHSUASBA. Sério, sou retardada de estar feliz por minha própria personagem u-u/
O que acharam? O que acham que vai acontecer no próximo capítulo? E o que acham da 'recaída' de Cassie no fim do cap? *uuuu* contem-me.