Franzi o nariz, sentindo o rosto arder. Forço meus olhos a abrirem e reconheço o limbo yin. Mais conhecido como meu quarto. Ergo minhas costas da cama e olho em volta. Droga! Por que nunca lembro de fechar a porcaria da janela?!
Sou atingida pela sensação de uma flecha na barriga e sinto-a protestar. Ignoro e levanto devagar, indo até o banheiro. Passo pelo espelho, sem olha-lo nem mesmo por canto de olho, tomo meu banho e a dor passa. Ando até o meio do quarto e respiro fundo. Hoje consegui 200 polichinelos e 60 abdominais. Caramba! Estou ficando animada com isso, agora só preciso fazer minha doce corrida e mais 400 polichinelos depois da aula. Assim, as metas de hoje estarão concluídas. Minhas pernas parecem latejar e meu corpo está dolorido enquanto desço as escadas, mas meu esforço vale à pena. E vou me sentir muito bem recompensada quando perder essa barriguinha e essas gorduras moles nas coxas.
Troquei a fronha e o lençol da minha cama, estiquei um edredom totalmente branco por cima da fronha e do lençol novos, também brancos, que exalavam um cheirinho de amaciante super gostoso. Parece tutti-frutti. Fui até a lavanderia e peguei alguns itens de limpeza, voltei ao quarto e varri o mesmo, passando pano com desinfetante de morango no chão em seguida. Peguei o espanador e tirei todas as coisas que estavam emcima do guarda-roupas, colocando no chão, tirei a poeira de lá e reorganizei as caixas com materiais de escola reserva e artigos para trabalhos. Terminei de arrumar o quarto e preparei o pequeno-almoço, assim como ontem. Chamei minha mãe e fui me aprontar para o colégio. Eu odeio esse uniforme, não porque é feio ou ultrapassado no mundo da moda, - apesar de ser - mas porque todos ficam ridiculamente iguais.
Você anda pelos corredores e todos estão do mesmo jeito. Algumas vezes, com olhares apáticos e sorriso sem vida. É isso o que a escola faz com você. Te transforma em uma espécie não comedora de carne humana de zumbi. Ela suga sua alma, suas regras idiotas e desnecessárias tiram sua música, e seu uniforme ridículo tira sua personalidade, sua forma de se expressar. E aí, todos ficam exatamente como irão ficar quando saírem da escola. Apenas mais um em milhões, mais um que segue o gado, mais um que age como gado, mais um que segue sua vidinha "da fase adulta" medíocre, com um emprego que odeia, com um chefe que odeia mais ainda, com uma gravata apertando até os ossos, um salário que termina antes do mês terminar, mais um que nunca realmente vai levantar a voz e reclamar disso, que vai dar meia volta e seguir seu próprio caminho. Mesmo que corra o risco de ficar perdido no meio do caminho, só para seguir sua própria intuição, só para, uma vez na vida, não ir pela opinião dos outros e sim pela sua própria, só para colocar o que você acha e quer na frente do que os outros acham. Porque a vida é sua, os momentos são seus, as possíveis histórias são suas, as escolhas são suas e as consequências também. E todos sabem disso. Todos ouvem, no silêncio em seus quartos antes de dormir, o barulhinho contínuo e estridente do cardiograma da sua alma, em coma, sem muitas esperanças de voltar a vida, porque já está muito cansada desse mundo preto e branco, onde estar com uma carranca é estar normal mas estar sorrindo enquanto anda na rua é loucura, é estranho... Todos sabem disso. Porque eu sou assim, você é assim, todas as pessoas, até nos confins da Terra, são assim, continuamos assim e provavelmente iremos morrer assim. Mas a lei da Inércia é muito mais forte, não é?
Eu demorava ao máximo para colocar as meias, calçar os tênis All Star e em seguida amarrá-los. Vestir o uniforme, vestir um de meus tão amados casacos quentinhos - o de hoje tinha o diabo da Tasmânia na parte da frente - e tudo mais. Deixei a porta aberta para saber quando ela estaria tomando o café, e não demorou muito para eu ouvir alguns ruídos de talheres e xícaras. Senti meu estômago roncar quando ouvi o barulho de um pacote - provavelmente de cookies com gotas de chocolate - sendo aberto. Mas me lembrei de que hoje fazia quase dois dias inteiros sem comer nada, e repeti o mantra na minha cabeça várias vezes como motivação para não estragar tudo agora. Chequei o relógio-despertador da minha mesa de cabeceira e sorri ao ver os números marcando 10 minutos de atraso. Às vezes, agradeço por ir andando até a escola, assim posso gastar algumas calorias e posso ficar sem ouvir os comentários da minha mãe sobre como ela era linda quando estava no colegial, e o quão grande era a fila de garotos que a paqueravam e a convidavam para encontros, e quantos campeonatos de Futebol ela participava como capitã das líderes de torcida, e como seu corpo era bonito e invejado graças ao time de natação do colégio, do qual participara e era uma das melhores apostas para aquela temporada e blá, blá, blá.
Ela tinha um sorriso assustador, me dava um frio na espinha só de ver um deles. Podia se esperar tudo de Amelia, ainda mais quando ela sorria. Seu sorriso é cínico, sádico e debochado. Mordi o lábio inferior disfarçadamente, fingindo não ligar para o que me esperava assim que atravessasse o portão.
Talvez eu pudesse atuar na próxima obra de Teatro do colégio. Porque atuei convincentemente bem no quesito ''ignorar a presença da Amelia''. Porém, bem, ela e suas amigas não ignoraram a minha.
"Garota, você não cansa de me enojar, não?" "Triste que não exista transplante de cara. Caso existisse, eu até pagaria a cirurgia para você.'' ''Acho que você engordou dois quilos, hoje!'' ''Na boa, você não precisa de autorização para ser tão... assim?" "Chamem o Instituto do meio ambiente, acabei de ver um animal selvagem!'' ''Meu Deus! Liguem para o pet sho, rápido! Acabei de achar uma espécie rara!'' Para que ter pensamentos auto-depreciativos se você pode ter alguém como Amelia para fazer isso para você, né? E o melhor: de graça! Sem você precisar fazer absolutamente nada. Nossa, como sou sortuda!
Como de costume, as pessoas em volta riram, eu até teria saído sem ver esse showzinho, ficar ali era masoquismo demais, mas Jamie e Jenny fizeram uma barreira, me impedindo de sair dali. Senti um nó enorme na garganta me sufocar, fiz minha melhor cara de tédio e fui me afastando aos poucos, em seguida correndo até meu armário. Peguei meus livros da primeira matéria do dia e enfiei minha cabeça no armário, escondendo meu rosto de quem quer que passasse. Senti que iria chorar, mas não daria o gostinho para nenhum desses seres de me ver chorando. É humilhação demais, não posso ser tão fraca assim, posso?
Me recomponho e coloco meus fones, aceno com um sorriso no rosto para algumas pessoas enquanto faço meu caminho até a aula de Culinária.
Gosto da aula de culinária, e continuo nela apesar dos esforços do antigo professor para me tirar da classe. É, sinto que ele nutria um terrível ódio por mim. Apenas porque, talvez, assim, eu tenha botado fogo na sala e quase incendiado o colégio inteiro, nada de mais. É uma longa história. Okay, nem tão longa assim. Esse ano, todos meio que sabem do meu histórico ''garota em chamas'' e não me deixam cozinhar. Até porque, sou terrível. Mas, como compensação, eu posso ficar totalmente à toa na aula, fazendo qualquer coisa, até dançando sapateado se eu quiser, até mesmo bater na professora nova com um livro ou fazer uma orquestra com um garfo, desde que eu fique longe dos fogões, fornos e qualquer tipo de objeto cortante. Então eu posso ficar no tumblr, de boa, respondendo as ask's e postando fotos e meus textinhos, na maior paz. Ah, e também posso comer e "avaliar" os trabalhos - os trabalhos mais deliciosos que já vi - que o resto dos alunos faz na aula. Isso é super-mega-extremamente-incrivelmente adorável e legal!
Embora eu tenha tido que rejeitar os cookies de Chrissy Summers e o bolo de Chaz Somers, - acho tão engraçado e bonitinho que seus nomes sejam parecidos - e também o chá e os muffins de Louis Tomlinson. Céus, aquele garoto cozinha melhor que minha mãe! Tá, isso não é grande coisa, considerando que a maioria dos nossos jantares se resumem a pizza e comida encomendada, e que nem lembro a última vez que comi a comida dela pela última vez, mas...
Escolhi a mesa de sempre, logo ao lado da mesa de Louis e ele me lançou um de seus sorrisos, um que eu conhecia bem. Pelo menos, comigo ele podia ser traduzido por ''hoje você não escapa dos meus dotes, Cassie''. E, como de costume, fiquei conversando com um dos meus coleguinhas do Tumblr, eles eram muito divertidos - e confusos, devo acrescentar - e muito, muito adoráveis. Dessa vez, era o
The Biggest que vinha procurar meus aconselhamentos. Ha, okay, isso foi engraçado e ridículo.
E, mais uma vez, Louis T. - como costumo chamá-lo às vezes - insistira para que eu provasse as suas iguarias do dia. Um Crème Brûlée, um Fondant, alguns Macarons e Baba au rhum. Me pergunto como essa pessoa conseguiu fazer tudo isso em apenas duas horas e meia, mas okay. Acho Louis bem talentoso nessa aula, e ele é muito divertido, porque já parou na detenção diversas vezes depois dessa aula, por declarar guerra de comida.
- Hey,
Little Cassie, quer Fondant? - ele surgiu de Nárnia na minha frente, com uma bandeja com guardanapos e duas bolas de sorvete ao lado de um bolinho fofinho e pequeno de chocolate. Ambos eram cobertos por cobertura de chocolate e formavam a palavra ''Sweet Cassie'' entre os rabiscos aleatórios e um coraçãozinho pequeno. Após levantar meu olhar do celular e reparar nos detalhes dessa cena, não pude deixar de notar seu cuidado para me fazer aceitar.
- Wow, Louis, você lembrou. - sorri inevitavelmente, vendo o que ele tinha feito. Colocado os guardanapos e talheres, além de tudo alinhados.
~ n/a: ignorem totalmente a legenda :3 ~
Olhei para o rosto do chef, ele pareceu estar bastante orgulhoso ao sorrir na minha direção.
- Hoje é o dia da Culinária francesa, certo? - sorri e ele assentiu, retribuindo meu gesto.
- Mas, especialmente o Fondant, não é exatamente francês. Um diz que é de um lugar, outro diz que é de outro... Mas eu acredito que seja brasileiro. - sorri, assentindo - Sabe como ele se chama lá? - fiz que não com a cabeça, e sua animação pareceu aumentar assim como seu sorriso - Petit Gâteau. - fez um biquinho engraçado para falar e eu ri.
- Seu sotaque francês é tão adorável.
Elogiei e ele fez uma reverência em agradecimento. Além de Culinária, fazemos aula de Francês juntos, confesso que já colei dele. Mas foi no 9º ano, juro.
- Hey, Lou, onde o Harry 'tá? - acho que tremi só de ouvir Molly dizer o nome dele, tirando sua fornada de doces que eu não conhecia do forno.
- Na sala de informática. - o garoto a minha frente respondeu, voltando seus olhinhos brilhantes para mim.
Eu enrolei, enrolei, mas mesmo assim ele ficou lá, puxando assunto comigo, inocente... Nem percebeu que na verdade eu queria que ele voltasse para o lugar dele logo e levasse aquela bandeja junto com ele. Como era de se esperar, eu não comi os lanchinhos dele. De novo. Meu coração parecia partir ao ver a carinha de gato de botas do Louis, mas eu não podia fazer nada a respeito.
Só me sinto mal. Porque ele é adorável e cozinha muito bem, - prova disso é minha enorme dificuldade em dizer não para ele, e o fato de que estou quase babando nesses doces. Culinária francesa e suas invenções engordativas - e embora prefira que as pessoas não tenham muitas expectativas quanto a mim, não gosto de deixá-las desapontadas. Principalmente se a pessoa for alguém como Louis.
Suspiro pesado e volto minha atenção ao celular. Esse garoto deve ter ansiedade, só pode. 5 ask's em 10 minutos?!
***
Estava na hora do intervalo. Senti minha barriga doer um pouco enquanto guardava meus materiais, a sala completamente vazia, com excessão de mim. Peguei minha garrafinha roxa e comecei a andar pelos corredores, que já estavam vazios, já que todos estavam no primeiro andar, procurando por um bebedouro. Enchi ela com pressa, embora tudo estivesse silencioso ali. Senti meu corpo ser virado rapidamente e antes que pudesse assimilar o que tinha acontecido e quem tinha me virado, senti uma dor passar como um choque de minhas costas e se expandir por meu corpo, juntamente com o barulho de água sendo esparramada. Fui empurrada na parede, concluí ao reconhecer as figuras de Gabe e Grayson a minha frente, um ao lado do outro, de braços cruzados e os típicos sorrisos marotos. Mal conseguia me mexer, estava paralisada. Tanto por medo quanto pela maldita dor. Movi minha cabeça minimamente para baixo. Mordi o lábio inferior, estava morrendo de vontade de comer uma maçã ou uns morangos e agora minha água tinha ido por água abaixo. Okay, ficou estranho isso, mas quem se importa?!
Quando acho que não pode piorar, um ser chega a passos lentos e cenho franzido, com as mãos nos bolsos do jeans da frente. Típico de Harry Styles. Ele olha em volta, em seguida alternando o olhar entre mim e a garrafinha de água no chão. Sorriu sadicamente, um sorriso que eu já conhecia e temia. Ele se aproximou, prendi minha respiração instantaneamente e minha boca doeu ao sentir seus dedos em contato com a pele do meu rosto, apertando minhas bochechas entre o polegar e os outros. Fechei os olhos com força, sentindo eles arderem e um calafrio na espinha. Era um toque quente, mas não significava bom, já que uma fogueira também é quente, e causa queimaduras.
- Abra os olhos, Cassie. - fez um tom doce e baixinho, que me acalmaria, se não viesse de um Styles e se eu não soubesse reconhecer o tom de deboche presente. Abri-os devagar e ouvi sua gargalhada rouca ao perceber que eles estavam marejados. Ele estava muito perto, mais perto que a distância que eu gostaria. Aproximadamente, 500 anos-luz de distância.
Grayson e Gabe riram, mas quando iam começar a falar, se auto-interromperam. Então eu ouvi passos de salto alto ecoando pelo corredor ao lado, parecendo se aproximar, a caminho de onde estávamos. Harry, ainda me machucando com seu aperto em meu rosto, virou apenas o rosto para a direita, de onde os passos vinham, na curva do corredor. Reconheci pelo vestiário antes que pela cara, uma espécie de ''sub-diretora'' do colégio, que comandava quando os diretores mesmo não estavam presentes. Ela era assustadora. Arregalei os olhos e senti meu corpo tremer quando senti o calor do corpo de outra pessoa vindo de encontro ao meu em ondas. Harry tinha exterminado quase a distância inteira entre nós, se eu respirasse iria sentir sua barriga prensada à minha. Seus braços foram num movimento super rápido para cima de meus ombros, eu não sabia que merda ele estava fazendo, me assustei ao perceber que aquilo era uma espécie de abraço. Mas, para deixar a situação um pouco melhor, ele não me abraçara de verdade, seus braços pairavam a no máximo, dois dedos de distância dos meus ombros. Mas ainda dava para sentir sua respiração arrepiar meu pescoço. Mas não era um daqueles arrepios que tem nos filmes, claro que não. A mulher chegou até nós, arqueando as sobrancelhas e ... aquilo era um sorriso de canto em seu rosto? De qualquer forma, ela continuou andando, enquanto eu silenciosamente implorava para ela voltar e me salvar dali. Mas é claro que ela não faria nada. E então, minha última esperança de salvação é estilhaçada quando o barulho incômodo dos saltos clicando no chão diminuem e ela desaparece na curva do corredor.
Estou, literalmente, muito ferrada.
Ainda estava prendendo a respiração, quando Harry olhou fundo nos meus olhos, me deixando incomodada, mas permaneci encarando seu rosto, procurando por uma resposta do que ele faria a seguir. Acho que, pelo menos ele, entendia minha telepatia.
Porque não demorou muito até eu receber minha resposta.
Minha barriga doeu como não tinha doído há dias, senti sua mão quase atravessar minha pele e empurrar todos os meus órgãos para meu pescoço. Arregalei os olhos, tentando inutilmente puxar um pouquinho de ar, que já me faltava.
***
Penso em minha mãe enquanto tranco a porta de casa, já com minha calça e blusa de frio, ambos de moletom - minha roupa para exercícios no exterior da minha casa - olho para rua. Ela tem duas bifurcações nas extremidades, e ambas extremidades são cruzamentos. Lembro-me do pior cruzamento de Londres, é uma invenção bastante peculiar. Sorrio com o pensamento de milhares de pessoas reclamando dele, turistas, que se confundem e erram a entrada do cruzamento menor. Mas os londrinos mesmo já estão acostumados com isso. Eu podia dar uma visitinha para Londres... Vou falar com minha mãe sobre isso, afinal, preciso de dinheiro e ela é uma espécie de contadora pessoal, sabe de quase toda santa libra que sai da conta bancária da família. Estou vendo a hora em que ela vai chegar em casa e falar ''Cassie, adotei uns amorzinhos, conheça meus bebês'' e mostrar-me uma maleta preta, daquelas de executivos milionários, aberta e cheia de dinheiro.
Ri com meu devaneio e comecei a correr. Ainda não tinha escurecido, amo esse fato sobre o verão, embora já estejamos no outono o dia ainda é mais longo. Eram por volta de 5:00 p.m e minha mãe estaria em casa às 7:30 p.m Ou seja, tenho duas horas e meia para ir, voltar, tomar banho e fingir que estive em casa todo esse tempo. Ou, posso dizer que estive no shopping comprando uma calça nova e alguns livros. Bom, mas para isso eu precisaria
realmente ir ao shopping. Hm... Ela não gosta muito da ideia da filha da grande oradora da turma de 1997 passar a tarde inteira em casa, então... É, vou ir ao shopping depois da corrida. Mas vou passar em casa primeiro, porque não é? Iria ser super normal eu com roupa de ''malhação'' - toda de moletom, na verdade - em um shopping. Claro, claro, a última moda em Milão.
Depois de minutos, respiro com dificuldade e olho em volta com mais atenção. A paisagem já mudou, não sei ao certo quanto corri, para falar a verdade. Admito, nunca fui boa em metros, centímetros, quilômetros ou qualquer outra forma de medida. Nem vou comentar que não sei como não reprovei em Física e Matemática. Se alguém me perguntasse, quantos metros foram, eu não teria a menor ideia. Falando sério. De qualquer forma, tinha uma pequena praça à minha direita. Um carro de sorvetes tocava uma música fofinha e calma, atraindo atenção das crianças rindo e brincando na praça, fazendo fila para e escolhendo seus sabores preferidos. Sorri com a cena, embora estivesse desejando com todas as minhas forças - embora, na real, não fossem muitas, principalmente agora - sair correndo, furar a fila e comprar um com umas três bolas. Cada um de uma cor.
- Cassie, qual é seu sonho? -
a garota com cabelos loiros e macios que eu conhecia bem sorriu para mim, enquanto saltitávamos, seguindo a melodia alegre pela praça. Demorei um pouco a responder. Oras, qual seria meu sonho? Ir para a Terra do Nunca? Ter um unicórnio, talvez? Encontrar um elfo e pedir que apresente-me ao seu mundo e me mostre como subir em um arco-íris? Coloquei a mão no queixo e olhei para cima, para deixá-la mais curiosa. Olhei para o carro dos sorvetes, logo a nossa frente. Vi alguns garotos recebendo seus pedidos, eu os conhecia, eles eram colegas da loirinha ao meu lado e estudavam com a gente. Sorri, observando seus sorvetes e lembrando que ontem mesmo me contaram que justamente aqueles eram seus preferidos, em suas mãos.
Nos aproximamos ainda mais dos amigos dela, eles disseram 'oi' e nós respondemos o mesmo, sorrimos. Senti eles me olharem e sorrirem, seguido de risos acompanhando os meus quando respondi:
- Meu sonho é um dia comprar um sorvete com várias bolas, uma emcima da outra, com todas as cores do arco-íris.
Balancei a cabeça, com a doce ilusão de que isso sacudiria minha mente e espantaria o pensamento. Mas me forcei a pensar em outra coisa, foquei nas folhas alaranjadas das árvores da pracinha e desviei o olhar para o estabelecimento no qual parei justo na frente, na calçada. Meu sub-consciente deve ter revirado os olhos no mesmo segundo, mas eu mesma não me importei e sorri.
Era de se esperar. Você está de brincadeira comigo, não é? Que macumba do Universo é essa? Conspiração agora, é?
Meu sub-consciente protesta, mas eu o ignoro por, pelo menos, uma vez e observo atentamente aos detalhes da loja, tenho quase certeza que minhas pupilas dilataram e meus olhos estão brilhando.
É aqui. Esse lugar é um clássico. Se manteve firme e forte por tooodo este tempo. Lembro de uma mulher com cabelos loiros e meio desgrenhados entrando pela porta, um sinal soava no alto dela, a mulher vinha cantarolando o último
jingle da loja, aquele que passava como plano de fundo dos comerciais na tv. Ela me dava um peteleco no braço e um sorriso, enquanto eu girava num dos bancos altos e coloridos do balcão. Ela sorria e pedia um milkshake gigante, daqueles adoráveis, servidos em taças enormes. Olhava para mim, ainda que tonta, continuava girando no banco. Era gentil e perguntava sempre meu nome, eu dava algumas risadinhas, dizendo meu nome e ela se apresentava. Ela sempre fazia jogos de palavras com seu nome, ela chamava-os por um nome em específico, mas não me lembro dele agora. Ela embaralhava as letras de seu nome e fazia um outro com as letras em outra ordem. Então, todos os dias ela tinha um nome diferente. Então ela me fazia cócegas na barriga e dizia que eu tinha bochechas fofinhas, como as de um esquilo do Hyde Park. E me pagava um milkshake de qualquer sabor que eu quisesse. Um dia, perguntei por quê ela parecia familiar, mas tinha um nome totalmente diferente da pessoa com a qual se parecia. Ela sorria, um sorriso cúmplice, me olhando de lado, e respondia "Podemos ser o que quisermos Cassie, por exemplo, eu posso ser uma espiã criminosa disfarçada nesse momento, ou uma nobre da realeza da Escócia, ou então uma parente do interior da Rainha Elizabeth, mas contanto que eu não me esqueça quem sou, ainda continuo sendo eu, em todas essas minhas personalidades diferentes. O que não pode acontecer jamais, baby... - sugou seu milkshake fazendo um barulho engraçado com o canudinho rosa pastel - ..é você perder a si mesma." Concluí que ela tinha razão. Mesmo usando uma roupa de astronauta, ou com roupa de motoqueira, daquelas que vivem nesses bares decadentes e violentos da Rota 66, ou com roupa de secretária, daquele tipo com saia e coque com lápis, daquele tipo que tem um caso com o chefe, ou então com uma roupa de palhaço e, até mesmo, com uma fantasia engraçada, que parecia que ela estava pelada e era um personagem daquele jogo, The Sims. Ela nunca deixou sua essência, ela sempre passava pela porta com o cabelo desgrenhado, passava as mãos pelos fios rebeldes, me dava um peteleco, sorria de lado e se sentava, reclamando de se sentir baixinha naqueles bancos, pois seus pés ficavam flutuando, pedia seu milkshake - quase irrevogavelmente, uma mistura estranha de baunilha, morango e chocolate - e me contava histórias que tinha vivido - e sobrevivido. Histórias de ex-namorados, histórias de confusões nas quais se metia, histórias engraçadas - embora ambas anteriores também fossem - e histórias das quais até Apolo riria. Eu nunca teria uma prova sequer de que aqueles tempos existiram realmente e aquelas histórias tinham sido vividas - embora acreditasse fielmente nisso -, mas em minha mente elas existiam. Tão vivas quanto o brilho no olhar da loira e tão memoráveis quanto ela. ''que tinha se perdido em algum lugar no passado.'' ~depois tirar essa parte daqui :3 ~
P.O.V Narradora
Ela sabia. Ela sabia que não podia.
Ela sabia. Merda! Por que as coisas erradas sempre parecem tão tentadoras? Ela
sabe que são tão deliciosas, mas esse deve ser o jeito que as coisas ruins atraem as pessoas, não é? Se não fossem boas, por que iríamos querer fazer? É a tentação. É a atração pelo proibido, o ser humano sempre foi assim. Atraído pelo impossível. É assim que atingimos nossos objetivos pela história, acreditando que o impossível é possível, pulando no abismo do desconhecido, torcendo para que haja um colchão lá embaixo, que amorteça a queda. Ela estava presenciando um terrível embate, uma luta constante de Tentação vs. Objetivo. Mas ela acreditava que seu esforço daqui a alguns dias valeria à pena, e finalmente conseguiria dormir.
Ela mal podia esperar. Para subir na balança e ver que sua meta estava atingida, olhar no espelho e não ver uma pele protuberante, nenhuma pele fora do lugar, e claro: parar de ouvir de uma vez tantas reclamações e julgamentos e calar a boca de todo mundo que dizia que ela ficaria gorda para sempre. Ela não tinha nada contra pessoas gordas, de verdade, a menos que fossem sedentárias, aí sim ela ficava brava, querendo arrastar a pessoa para o consultório da nutricionista de sua mãe. Mas ela queria fazer isso por ela. Porque ela não gostava do que via, e se sentir bem consigo mesmo é importante. Se você se sente bem gordinho, maravilhoso, mas se não, você tem o dinheiro - como controlador do seu próprio corpo - de ir à academia, praticar exercícios e mudar isso, certo?
Certo.
Mas e quando a tentação parece estar em todos os lugares, e parece ser tão convidativa e inocente? E quando você pensa que aquilo não vai fazer mal? Vai ser apenas uma vez e pronto? Será que uma assopradinha de nada destruiria todo um império de cartas? Claro que não, impossível. E quando parece que justamente as pessoas que ressaltam o quanto está acima do peso e feia, ficam induzindo você a não atingir seus objetivos? Quando elas parecem - e com certeza estão - tentando evitar que você consiga? Por que elas querem tanto que você fracasse, afinal? Elas não estão reclamando?
Por que, forças do universo, o seu inferno naquele momento se parecia tanto com o Paraíso?
Ela contou. 1, 2, 3... Até 99. Contou rápido. Mas nem isso adiantou. Sentiu a costumeira dor nas pernas e barriga, tinha corrido muito. Uma mistura de padaria e sorveteria se encontrava bem a sua frente. De um lado e de outro da porta fechada de vidro, tinham janelas no estilo vitrine e a davam visão de todo o lugar. Várias mesas estavam ocupadas e as pessoas nas mesas riam e conversavam, comendo seus doces, pães e milkshakes. Ela nem tinha forças para repreender seu estômago, quando este deu sinal de vida pela terceira vez no dia. Ela nunca tinha passado de 24 horas antes, agora faltava pouco para completar 48 horas desde que comeu aquela maçã, e estava quase conseguindo. Mas quase nunca é o suficiente.
Ela notou quando sua visão perdeu o foco, tudo estava menos claro e mais embaçado, mas ela ainda conseguia enxergar. Sua perna vacilou um pouco quando ouviu o sino tocar no alto da porta, ela o olhou e sorriu, ouvindo uma música da Colbie Caillat e do Jason Mraz tocar enquanto várias pessoas conversavam. Se virou para o balcão, Louis Tomlinson estava ali. Ela o reconheceria em qualquer lugar, com aquele cabelo adoravelmente indefinível, impecavelmente arrumado e ao mesmo tempo bagunçado, tipo uma placa de informação, apontando para todos os lugares. Estava de costas, sentado em um banco alto no balcão, rindo alto de alguma coisa que um dos atendentes dissera. Eles vestiam uniformes fofinhos - ou apenas um crachá, caso quisessem -, os garçons usavam patins e conversavam e acompanhavam a música com alguns detalhes e bandejas emcima do balcão. Eu sorri, por lembrar de mim quando pequena, girando nos bancos coloridos, assim como Louis está agora, por ver a alegria deles em trabalhar ali, isso prova que nem todos os trabalhos do mundo são chatos, com certeza não. E nem todos os atendentes tem mal-humor. Eles eram risonhos e divertidos, tinham uma vibe muito boa.
Mas meu sorriso se desfez no momento em que vi quem fazia o Tomlinson gargalhar alto. De acordo com a teoria
Yin e Yang, quando uma das forças do mundo - bem ou mal - atinge um ponto extremo, manifesta-se dentro de si um sentimento oposto. Mas eu me recusava a aplicar o Yin e Yang nessa situação. Não aqui. Aqui sempre foi alegre, colorido e fofinho. Não pode ter uma energia ruim aqui, aqui é tipo, respirar a felicidade.
Ele estava do outro lado do balcão. Assentia para alguma coisa que alguém falava e sorria com a língua entre os dentes, jogando o cabelo para o lado com a mão. Não, 'pera...
Do outro lado do balcão? Arregalei meus olhos e observei suas roupas. Oh, meu santo padroeiro do chá com baixa caloria, ele trabalha aqui! Droga, não me lembro de ter visto placa de ''Precisa-se'' aqui, nem mesmo me lembro de tê-lo visto aqui antes. Droga, droga, mil vezes droga! Por que justo aqui, por que justo ele, oh, forças do Universo? Abaixo minha cabeça rapidamente e aperto meu lábio com força, procurando por uma mesa disponível. Achei uma vazia e que estava limpa e me sentei. Era uma das mais afastadas, que dava vista para todo o resto do lugar, para falar a verdade. Brincava com o porta-canudos da mesa, mantendo o olhar fixo no celular deitado na mesa, esperando uma mensagem que parecia durar mais que 40 segundos para chegar.
Talvez não fosse apenas seu amigo um ansioso. Alguém coçou a garganta perto dela e Cassie levantou o olhar, que durou apenas um segundo e voltou para o celular, que capotou de sua mão como se estivesse escorregadio e caiu no chão. Cassie gaguejou algumas vezes sob o olhar do ser um pouco acima dela, com um caderno de anotações em mãos.
- Maldito Newton! - ela resmungou e ser deu um rápido sorriso de lado. Ela saiu de sua mesa e abaixou no chão, pegando o celular e a capinha. Atrás dela, a pessoa arqueava as sobrancelhas ao ver sua tela de bloqueio. Balançou a cabeça freneticamente e respirou fundo.
- Então... Eu tenho que anotar seu pedido. - tentou ser o mais educado possível, e achou que deveria ser aplaudido por conseguir tal coisa tão bem. Mas sua língua estava coçando dentro da boca para falar o quanto Cassie parecia estrábica e pálida, como se nunca tivesse visto o sol na vida. Ele sorriu internamente. Teria outras oportunidades para lembrá-la disso.
- Ah, não precisa, eu mudei de ideia. Tava sem fome, mesmo. - a garota fez uma expressão como se não ligasse e se atrapalhou em levantar, batendo na parte debaixo da mesa. Ele apertou os lábios para não rir. ''É tão engraçado ver Cassie assustada. Ela parece um gatinho numa selva, pequeno e abandonado, sempre gaguejando e tremendo. E claro, pelo menos uma vez no dia, caindo. Ela não é muito desastrada, mas acaba sendo por viver enfiada com a cara no meio de um livro idiota qualquer. Estou vendo a hora que, em um recreio, no corredor, ela será sugada por um deles, de tão perto que seu rosto fica das páginas.'' O garoto riu internamente de seu próprio pensamento, imaginando um mundo sem Cassie Miller para irritá-lo apenas com sua presença.
A garota sentiu o sangue parar de correr seguindo um aperto no pulso.
- Não, vai não. - usou uma doçura ameaçadora, se é que isso era possível.
Mas todo tipo de coisa estranha e assustadora podia vir de Harry, pelo menos do ponto de vista de Cassie. - Você tem que ficar aqui e fazer seu pedido, porque se Lolly ou o dono virem que você está indo embora agora, vão achar que te fiz alguma coisa. - ele podia sentir a garota tremendo sob seus dedos, forçou mais o aperto em volta de seu pulso - E aí eu vou ter que
realmente fazer alguma coisa. - lançou-lhe um sorriso sugestivo e soltou seu braço, como se tivesse ajudado-a a levantar e sorriu. Um sorriso que Cassie achava não ver desde.... Ela nem se lembrava se alguma vez tinha visto aquele sorriso de Harry Styles. Embora tremendamente falso, ele conseguia fingir genuinidade muito bem. Não era um sorriso safado, sádico, travesso, irônico nem seu sorriso do tipo "Acho melhor você correr, agora. Ou você corre, ou você morre. Espero que tenha o costume de praticar exercícios.'' Era um sorriso amigável, gentil, quase docemente infantil. Quase.
- Agora.. No que posso te ajudar? - ele fez sinal com um olhar para que ela sentasse, ela apalpou a mesa até estar novamente sentada, sem conseguir tirar as órbitas dilatadas do olhar de Harry. Respirou fundo, fazendo um sinal para ele esperar. ''Eu mereço uma recompensa por
isso, um big sundae, talvez. Ou um sorvete de três andares. Aguentar a lerdeza desse ser é exigir demais da minha sanidade.''
- E-eu vou querer... hm... - o olhar estava concentrado no porta-canudos, ela brincava com a ponta da manga do moletom. Nem conseguia encará-lo, seu olhar para ela era tão assustador. O garoto esperava pacientemente - ou não tão pacientemente assim - ao seu lado. Ela levantou o olhar pela primeira vez desde a cena anterior e o Styles arqueou as sobrancelhas ao ver o que parecia um brilho no olhar da garota e um sorriso de criança crescendo em seus lábios. ''Okay, menos vodka na próxima semana...'' -
- Vocês tem aqueles sorvetes com vários, tipo, andares? Sabe, várias bolas? - ele assentiu, ainda desnorteado pelo atual estado de espírito de Cassie. Ela estava... alegre? Realmente alegre? Ali, na presença do garoto que faz da vidinha dela um inferno? - Vou querer, por favor. ''Santos deuses do Olimpo, essa garota 'tá possuída por Hades? Por que ela está sorrindo? Louca. Esqueci que se trata da Miller.''
- Tudo bem. - pegou a caneta em seu bolso. - Pode repetir, eu... esqueci. - por um segundo, Miller achou que ouviu um tom de constrangimento ali, acompanhando o fato do Styles ter abaixado a cabeça e desviado o olhar, mexendo no cabelo. Mas seu sub-consciente riu de sua ingenuidade, era Harry Styles, afinal.
Não ficaria envergonhado nem se estivesse pelado. Seu sub-consciente falou e a garota desejou ser uma tartaruga e enfiar a cabeça no casco, tamanha era sua vergonha. Sua pele pálida não ajudava muito no quesito ''não parecer envergonhada'', porque um fluxo de vermelhidão se acumulava nas bochechas.
Eca. Pensou, antes de repetir o pedido. O garoto assentiu e saiu dali, olhando algumas vezes para ela, pelo caminho, cerrando os olhos e torcendo os lábios para a garota. ''Acho que ela tem problemas mentais.'' Pensou, ao vê-la fingindo que um dos canudos coloridos era um bigode acima de seus lábios. Ele riu. Ela era tão retardada. Sacudiu a cabeça, se concentrando no caminho até a cozinha e deu o pedido aos chefs, na área privada da padaria.
''Desculpe ficar demorando para responder. Estou trabalhando. xD'' ''Apesar que acabou de esvaziar.''
'' Não sabia que trabalhava xD"
''Achou o quê? Que eu passava minhas noites sentado no sofá, enrolado em um cobertor com um pote de Nutella, assistindo uma maratona Friends?''
Ela gargalhou.
''Agora magoou..''
'' HAHAHA, você faz isso? Céus, Littlest, você tem algum tipo de vida?! xp''
'' Não, imagina. Na verdade, eu estou em coma terminal e quem vos fala é meu espírito, que está conseguindo digitar.''
'' Haha. Vou acabar sendo demitido se continuar me fazendo rir tão alto.''
'' Que bom. Assim você pode pedir o salário e gastar comprando Nutella's para mim. xx''
'' Ah, tá. Apenas se eu puder levar todo o estoque de Nutellas para sua casa, aí assistimos a quarta temporada juntos e você divide a Nutella comigo. XD''
'' Nem em um milhão de anos.''
''Desculpe, mas não posso deixar você se destruir. Ficaria com diabetes e morreria, de tanta Nutella no sangue. Não posso deixar você morrer. XD''
Seis minutos depois, Cassie ainda encarava a tela brilhosa do celular a frente do rosto.
''Claro que pode. E deve. Pelo menos, morrerei feliz.''
Sorriu de lado e seu pedido chegou, Cassie se manteve de cabeça baixa, até ver sua bandeja sendo colocada com cuidado na mesa. Ela deu um sorriso que sentiu uma dor leve nas bochechas.
- Hm, foi Louis que colocou aí. Conhece Louis, não é? O Tomlinson, então... Ele disse que você tem toda essa coisa de limpeza e tal. - ''coisa de limpeza?'' Ela não tinha ''toda essa coisa de limpeza, certo? Certo. Ela só se recusava a ingerir um monte de bactérias. Isso era simplesmente cuidar da sua saúde, que aliás, exigia muito dela. Interiormente, seu sorriso murchou por causa de seu comentário, mas ela aumentou o sorriso. Era uma coisa boa afinal, Louis ter se dado o trabalho de lembrar que ela não gostava de comer apenas com as mãos, para suas bactérias não irem para o lanche.
- Oh, wow. Ele é uma pessoa tão legal, pode agradecê-lo por mim? - perguntou com a voz suave, o garoto assentiu, travando o maxilar - Obrigada, muito gentil da sua parte. - colocou o cabelo atrás da orelha. - Hm... Eu... - a garota se perdeu alguns minutos olhando de um jeito que Harry não soube identificar para o pedido - Pode me trazer uma cobertura de chocolate, por favor? - ela pediu, quase implorando. Ela sabia que Harry não era um exemplo de paciência, ainda mais com pessoas. Ainda mais com ela. Harry assentiu, dando de ombros e logo voltou com a cobertura, pondo-a sobre a mesa.
- Para quê a bandeja menor? - quase não a ouviu sussurrar.
- Ah, é que... Sabe, pro caso das bolas caírem. Porque você é bem... - ela assentiu, indicando que já tinha entendido e ele não precisava terminar. Ele terminaria, mas acabou ficando calado.
Encarou a garota de braços cruzados por segundos, até ver que ela continuava encarando o sorvete, tão parada que parecia nem respirar.
Sabe quantas calorias tem nisso? MUITAS. Umas 900. Ou mais. Ele perguntou se tinha algo errado. Ela o olhou sorrindo e negou com a cabeça. ''Não vai comer?'' perguntou, como se fosse o óbvio. ''Tá com algum problema?''
- Não. Nenhum. - deu de ombros. - É que.... por, por um momento,
esqueci que era você... - ela completou baixo, ele mordeu o canto interior da bochecha, fingindo não ter ouvido e se apoiou na parede. Ela olhou em seus olhos e, em sua cabeça, podia jurar que vira em suas íris verdes uma resposta para sua pergunta silenciosa. "Pode comer, te dou permissão.'' Ela pegou a colher, encheu de sorvete colorido, de várias cores em uma vez só e respirou fundo, colocando na boca. A sensação era a melhor de todas, deixou os músculos relaxarem e um dos sorrisos mais espontâneos se formar entre as bochechas. Um pequeno ''hmmm'' escapando de seus lábios. No meio da bandeja, tinha uma bandejinha menor, com diversas bolas de sorvete dentro.
- Isso deve ser a realização de um sonho. - falou rindo e olhando para baixo em seguida, de braços cruzados em reação ao brilho nos olhinhos da garota, admirando o sorvete. Ela colocava outra colherada na boca, parecendo irradiar felicidade e arco-íris porpurinado, na opinião dele, assim que sentiu o gosto do sorvete de flocos. Ela ignorou-o totalmente, só era mais uma de suas zoações ridículas por seu comportamento, no momento, também ridículo, com certeza, mas ela não se importou. Céus, como aquilo era bom!
Só continuou se deliciando com o gosto quase esquecido que o sorvete tinha. Um gelado gostoso, que a fazia querer sair saltitando por aí, enquanto era observada por atentos olhos verdes a dois metros de distância.
Continua...
Okay, eu devo ser uma bitch. Me desculpem pela demora, de verdade! <3 O cap estava quase pronto, mas já eram três da manhã ontem e eu estava morrendo de sono, acabei dormindo com o notebook aberto do meu lado. Acreditam? Bom, perdoem-me também pelo big-ultra-supremo-master-incrivelmente-gigante capítulo de hoje. Eu sei, sou detalhista, mas queria que vocês imaginassem as ações das cenas tudo direitinho hoje, garanto que daqui por diante vou me esforçar muito, muito mesmo, para não passar de, no máximo, três mil palavras, sim? Desculpem se em algumas partes ele está cansativo >.<
MAS ENFIM..... AI MINHA SANTA PADROEIRA DAS BOYBANDS COM SEXUALIDADE QUESTIONÁVEL, A CASSIE ESTÁ COMENDO UM BIG-SUPREME SORVETE! OITOCENTAS CALORIAS MEU POVO, O LIMITE QUE ELA TINHA IMPOSTO ERA 20. ISSO PORQUE JÁ TINHA GASTADO ESSES VINTE PARA COLOCAR AÇÚCAR EM SUAS XÍCARAS DE CHÁ QUE EMAGRECEM/ALIMENTAM. <3 <3 TÔ TÃO FELIZ POR ELA, AHSUASBA. Sério, sou retardada de estar feliz por minha própria personagem u-u/
O que acharam? O que acham que vai acontecer no próximo capítulo? E o que acham da 'recaída' de Cassie no fim do cap? *uuuu* contem-me.